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‘Voltar ao passado ou ser refém do presente não são alternativas’, defende Marina Silva em entrevista

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Candidata à Presidência que chegou mais perto de furar a polarização — à época, entre PT e PSDB —, a ex-ministra Marina Silva, terceira colocada nas eleições de 2010 e 2014, critica a falta de “questões estratégicas” nas formulações já apresentadas pelos atuais concorrentes ao posto de terceira via. Entre a volta ao “passado”, simbolizada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e a manutenção do “presente desastroso”, representado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), no entanto, ela defende um “novo pacto político” — mas sem dizer, por ora, quem pretende apoiar em 2022.

Quais caminhos para uma candidatura de terceira via furar a polarização?

O esforço de ter uma alternativa tem que ser qualificado. O retorno ao passado ou ficar refém desse presente desastrado, desastroso, não são alternativas. É preciso que se pense um novo pacto político. O Brasil não pode continuar refém dos que vão pelo caminho de tudo quanto é benesse, do jeitinho. E, principalmente, do Centrão, que é um espécie de agente difuso, que não tem nome, endereço, e que a cada dia vai se apropriando das instituições, inclusive do orçamento público.

Vê algum nome da terceira via com esses valores?

A maior parte caminha ainda no debate em que a disputa é como fazer para ganhar o poder. Por enquanto, o debate não trata de questões estratégicas, como a Amazônia. Esse é um tema de qualquer discussão que queira integrar o Brasil ao debate que está acontecendo no mundo. É a partir daí que a gente pode pensar um novo ciclo de prosperidade, de desenvolvimento econômico e de investimentos de longo prazo. Até agora, o debate da sustentabilidade está aquém na maioria das candidaturas.

Após anulação das condenações na Lava-Jato, Lula reestabeleceu os direitos políticos e afirmou que anunciará em 2022 se irá concorrer. Foto: Edilson Dantas
Após anulação das condenações na Lava-Jato, Lula reestabeleceu os direitos políticos e afirmou que anunciará em 2022 se irá concorrer. Foto: Edilson Dantas
O presidente Jair Bolsonaro cada vez se mostra mais claramente candidato à reeleição e se filiou ao PL para concorrer no ano que vem. Foto: Isac Nóbrega/PR
O presidente Jair Bolsonaro cada vez se mostra mais claramente candidato à reeleição e se filiou ao PL para concorrer no ano que vem. Foto: Isac Nóbrega/PR
Sergio Moro se filiou ao Podemos e anunciou estar pronto para
Sergio Moro se filiou ao Podemos e anunciou estar pronto para “liderar” um projeto para o país. Foto: Fabio Pozzebom / Agência Brasil
Terceiro colocado nas últimas eleições, Ciro Gomes quer ser a opção da esquerda para derrotar Bolsonaro em 2022. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil / Agência O Globo
Terceiro colocado nas últimas eleições, Ciro Gomes quer ser a opção da esquerda para derrotar Bolsonaro em 2022. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil / Agência O Globo
O governador de São Paulo venceu as prévias do PSDB em novembro e se tornou oficialmente o pré-candidato à Presidência do partido. Foto: Roberto Casimiro Fotoarena / Agência O Globo
O governador de São Paulo venceu as prévias do PSDB em novembro e se tornou oficialmente o pré-candidato à Presidência do partido. Foto: Roberto Casimiro Fotoarena / Agência O Globo
A atuação de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde e a visibilidade que ganhou na época fizeram o antigo Dem, atual União Brasil, a cogitar lançar seu nome em candidatura própria. Foto: Jorge William / Agência O Globo
A atuação de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde e a visibilidade que ganhou na época fizeram o antigo Dem, atual União Brasil, a cogitar lançar seu nome em candidatura própria. Foto: Jorge William / Agência O Globo
O MDB anunciou que vai oficializar em dezembro a candidatura de Simone Tebet, após a senadora chamar atenção na CPI da Covid. Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo 26/06/2021
O MDB anunciou que vai oficializar em dezembro a candidatura de Simone Tebet, após a senadora chamar atenção na CPI da Covid. Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo 26/06/2021
Após convenção do PSD, Pacheco deu pontapé em pré-candidatura à presidência em 2022 Foto: ADRIANO MACHADO / Reuters
Após convenção do PSD, Pacheco deu pontapé em pré-candidatura à presidência em 2022 Foto: ADRIANO MACHADO / Reuters
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) lançou a sua pré-candidatura no partido. Foto: Roque de Sá/Agência Senado 19/11/2019
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) lançou a sua pré-candidatura no partido. Foto: Roque de Sá/Agência Senado 19/11/2019
O partido Novo oficializou o nome do cientista político Luiz Felipe D'Avila como pré-candidato do partido à Presidência. Foto: Reprodução / Instagram
O partido Novo oficializou o nome do cientista político Luiz Felipe D’Avila como pré-candidato do partido à Presidência. Foto: Reprodução / Instagram
O Avante lançou o deputado federal de Minas Gerais André Janones como pré-candidato ao Palácio do Planalto. Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados
O Avante lançou o deputado federal de Minas Gerais André Janones como pré-candidato ao Palácio do Planalto. Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Sexto colocado em 2018, o ex-deputado federal Cabo Daciolo se filiou ao PMB (que será rebatizado para Brasil 35) para disputar a Presidência em 2022. Foto: Infoglobo
Sexto colocado em 2018, o ex-deputado federal Cabo Daciolo se filiou ao PMB (que será rebatizado para Brasil 35) para disputar a Presidência em 2022. Foto: Infoglobo

A contratação do marqueteiro João Santana implodiu seus diálogos com Ciro Gomes?

O Ciro tem feito um esforço de debater propostas, não só fazendo disputa política em si. Agora, a violência política, que é uma das estratégias mestras do João Santana, não é base de construção de absolutamente nada. Dificilmente, alguém conseguirá ser mais violento do que o Bolsonaro, talvez eles consigam empatar. A forma como a gente ganha determina a forma como governa.

Os ataques do Ciro ao Lula estão no tom adequado?

O debate tem que ser feito olhando para os vários nomes que estão se colocando na cena para 2022. Não apenas para o (ex-) presidente Lula.

A senhora não pretende mais disputar eleições?

Quero ver uma alternativa que seja construída no campo que tem compromisso com o novo pacto de sustentação para um novo ciclo de prosperidade econômica, social, ambiental, combate à desigualdade. Estou tentando ajudar nessa perspectiva. Eu já dei uma contribuição, já fui candidata por três vezes. Eu me sinto muito tranquila para participar do debate e identificar qual é a melhor alternativa.

Como vê a candidatura do ex-juiz Sergio Moro?

Não vejo o Sergio Moro como alguém que possa romper com esse pacto político do que há de mais atrasado no país. Ele deu uma contribuição como juiz em relação a investigar e punir poderosos. Infelizmente, deu com uma mão e tirou com a outra quando não obedeceu à risca o devido processo legal. Ele sai da condição de juiz e vai para o governo Bolsonaro. Qualquer pessoa com discernimento político sabia que o Bolsonaro não tem compromisso com a democracia, com o combate à corrupção e com qualquer avanço.

A senhora foi procurada pelo Lula nesse esforço dele de buscar atores de outros campos políticos?

Acho que o PT e o PSDB devem uma autocrítica à sociedade brasileira. São os dois partidos que ficaram mais tempo no poder após a redemocratização. No terreno que eles araram durante tanto tempo, o que nasce é a erva daninha Bolsonaro. Infelizmente, não vejo essa sinalização por parte do PT. Quando você não reconhece esses erros, a mensagem que se está passando é a de que vai continuar fazendo as mesmas coisas.

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