Até poucos minutos antes da festa, que ano a ano arrasta milhares de foliões, representantes da Embaixada dos Bonecos Gigantes, responsável pela organização do evento, não tinham confirmado a participação do “casal Bolsonaro” no cortejo. Durante toda a concentração, os bonecos ficaram cobertos com panos pretos.
Já no trajeto, os foliões vaiavam e atiravam latas de cerveja e gelo no boneco de Bolsonaro. “Ai, ai, ai… Bolsonaro é o carai”, cantava o público.
Em alguns dos momentos de maior exaltação, na tentativa de conter a reação popular, a Polícia Militar (PM) interveio para dar apoio aos seguranças particulares contratados pelos organizadores.
De acordo com foliões que acompanhavam o bloco, em pelo menos duas ocasiões, a PM lançou spray de pimenta no público.
O arquiteto João Freitas, 50, reprovou a presença dos calungas da família Bolsonaro no desfile. “Achei uma bobagem a organização insistir em colocar os bonecos do presidente e da primeira-dama para desfilar. Todo mundo que conhece o Carnaval de Olinda sabe que ele não é bem-vindo na festa, que sempre teve um caráter de crítica política muito forte. Acabou criando uma tensão desnecessária”, afirmou.
Já a pedagoga Lídia Soares, 41, aprovou os novatos. “O Carnaval das ladeiras de Olinda é democrático. Não tem porque proibir nada. A reação do público deixou claro que aqui não tem espaço para Bolsonaro, mas o boneco só fez animar ainda mais a festa”, destacou.
Estadão