O Senado Federal promoveu, na tarde da quarta-feira (21), sessão temática destinada a discutir as Fake News nas próximas eleições. Presidente do evento, o senador Cássio Cunha Lima afirmou que “o grande desafio é a necessidade de se aperfeiçoar mecanismos legais para combater as notícias falsas sem mexer na valiosa liberdade de expressão”.
O desafio está posto porque pesquisadores da área afirmam que notícias falsas se espalham mais rápido do que notícias verdadeiras e, quando elas são políticas, se propagam com maior velocidade.
O presidente do Conselho de Comunicação Social do Senado, Murilo Aragão, disse que a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos ampliou o fenômeno das Fake News e gerou uma guerra midiática para a qual o país não estava preparado.
Com a experiência de um ex-hacker da internet, o consultor de segurança digital Daniel Nascimento vê na tecnologia a principal saída para o problema. Ele defendeu a adoção de uma plataforma colaborativa, com o uso da inteligência artificial e da análise de dados, para detectar as notícias falsas e agir instantaneamente.
— E se houvesse um sistema que entregasse na mão do cidadão a checagem dos fatos com apenas um click e de uma forma intuitiva? A eleição do próximo semestre vai ser um campo minado na internet. Já existem pessoas vendendo programas capazes de espalhar fake news e controlar parte da opinião pública tendo candidatos como alvos. É só pagar uma assinatura para esses criminosos e esperar o estrago ser feito — disse.
Em defesa do trabalho de apuração do jornalista, profissional que “tem cara, endereço, e-mail publicado e pode ser responsabilizado se errar”, o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Paulo Tonet Camargo, destacou as diferenças da atividade da imprensa tradicional em contraposição às plataformas de tecnologia, que não são veículos de comunicação.
— Acho que nunca o jornalismo profissional foi tão necessário como hoje em dia, em tempos de fake news, disse o diretor da sucursal da Folha de S.Paulo em Brasília, Leandro Colon.
Para Cássio, “o primeiro passo para coibir a disseminação de notícias falsas requer a conscientização dos internautas no sentido de sempre checar a veracidade da informação antes de passá-la adiante.
— Na verdade, o fake news é, em bom português, uma mentira, uma inverdade, e isso tem-se propagado muito na rede mundial de computadores, na internet e, sobretudo, no processo eleitoral que se avizinha, tem sido uma preocupação manifesta do Tribunal Superior Eleitoral, da Justiça Eleitoral como um todo, da imprensa brasileira, do Parlamento nacional, para que nós possamos debater sobre esse fenômeno que tem trazido transtornos à vida dos cidadãos brasileiros, daqueles que militam ou não na política — disse Cássio.
Assessoria