Caso o Judiciário permaneça mantendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como preso político em Curitiba, impossibilitando-o de participar da campanha eleitoral, o PT pode adaptar para o Brasil a estratégia utiliza na Argentina pelo líder Juan Domingo Perón em 1973 para retornar ao governo.
Como relata reportagem do Valor Econômico desta segunda-feira, 25, Perón, duas vezes presidente da Argentina, estava no exílio na Europa e, de lá, apoiou o ex-presidente da Câmara Héctor Cámpora para presidente, que venceu a disputa. Era chamado de “El Tío”, porque era considerado irmão de “el padre Perón”. O lema de sua campanha era “Cámpora no governo, Perón no poder”. Acabou vitorioso com quase 50% dos votos.
Após a consagração de Cámpora nas urnas, Perón retornou à Argentina, o presidente eleito renunciou e, convocadas novas eleições, Perón foi eleito pela terceira vez à Presidência. Mas muito doente, governou menos de um ano, até morrer em 1974. Quem o sucedeu foi a esposa e então vice-presidente, Isabelita Perón, deposta pelos militares em 1976.
No Brasil, com Lula detido, o partido quer tentar reproduzir a façanha com um nome ungido por ele, proclamando “eu sou o Lula” nos comícios país afora. Parafraseando a campanha argentina, o grupo formula slogans como “PT no governo, Lula no poder”, considerando os 30% dos brasileiros que declaram intenção de voto no ex-mandatário, segundo o último Datafolha.
Quem encarnará o “candidato de Lula” nesse processo ainda é uma incógnita até mesmo dentro do PT, e os nomes até agora colocados são os mesmos: Fernando Haddad tenta se viabilizar, o ex-ministro Jaques Wagner segue à espreita e o ex-chanceler Celso Amorim corre por fora. Um azarão ainda pode despontar.
Brasil 247