O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, anunciou na noite desta quinta-feira (5) o cancelamento da reunião dos chefes dos três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – por conta dos constantes ataques de Jair Bolsonaro à Corte.
O encontro havia sido marcado em meados de julho, mas foi cancelado primeiramente por conta da internação do presidente e remarcado para agosto.
“O presidente da República tem reiterado ofensas e ataques de inverdades a integrantes desta Corte, em especial os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Sendo certo que, quando se atinge um dos integrantes, se atinge a Corte por inteiro”, escreveu Fux.
Citando as recorrentes acusações de que há “fraudes” nas eleições e no uso das urnas eletrônicas e de que os ministros beneficiam políticos que considera opositores, o presidente do STF ressaltou que Bolsonaro “mantém a divulgação de interpretações equivocadas de decisões do plenário bem como insiste em colocar sob suspeição a higidez do processo eleitoral brasileiro”.
Fux ainda destacou que um “diálogo eficiente” entre os poderes precisa conter um “compromisso permanente com as palavras” e que isso, “infelizmente, não é visto no cenário atual”.
“O Supremo Tribunal Federal, de forma coesa, segue ao lado da população brasileira em defesa do Estado Democrático de Direito e das instituições republicanas, e se manterá firme em sua missão de julgar com independência e imparcialidade, sempre observando as leis e a Constituição”, finaliza.
A relação de Bolsonaro nunca foi boa com o STF, mas voltou a piorar nas últimas semanas, com o presidente ameaçando o processo eleitoral democrático e dizendo que há “fraudes” nas urnas eletrônicas – que são usadas desde 1996 no país.
Em uma live semanal, no entanto, ele reconheceu que não tem provas de que houve crimes nas eleições, mas citou uma série de postagens em redes sociais como “relatos” de problemas dos eleitores. No mesmo momento, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desmentia as falas, mostrando que as citações já haviam sido investigadas e eram falsas.
Além de estar sendo investigado na máxima instância da Justiça brasileira por uma suposta prevaricação na compra das vacinas anti-Covid Covaxin, em denúncia apresentada na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado, o presidente também se tornou alvo do inquérito que apura a disseminação de fake news.
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