O ex-governador Ricardo Coutinho, aparentemente, ainda não conseguiu afinar sua bússola após o amargo rompimento com o governador João Azevedo. Até o mais incipiente observador político de João Pessoa saberá que o deputado federal Gervásio Maia Filho, oitavo colocado para Câmara Federal na Capital, está longe de ser um nome forte para 2020.
Sentindo imensas dificuldades para superar os desgastes causados pelo estilo autoritário e truculento que adotou em seu governo, e ao término dele, Ricardo permanece obstinado como sempre foi em impor um estilo personalíssimo e intransigente, que faz escolhas isoladas sem dar satisfação a ninguém.
Em João Pessoa, foi assim como Estela Bezerra em 2012, com Cida Ramos em 2016 e garante que também será com Gervásio Maia Filho em 2020.
Colecionando reclamações, queixas, lamúrias, protestos e constatações variadas sobre a insistência no comportamento individualista e de culto à personalidade, o ex-governador já expeliu os mais expressivos membros do antigo “Coletivo Ricardo Coutinho” ou da nova “República Azevedista”.
Arrogante e prepotente são os adjetivos mais comuns nas referências ao ex-chefe, palavras muito marcantes e quase unânimes sobre sua personalidade. Teimoso, sim, mas ingênuo ele não é.
Carregando a arrogância de quem imagina que o mundo só vai dar certo se for rezando com a sua cartilha, o ex-governador se apoia no salto alto das momentâneas pesquisas de opinião que o citam como primeiro colocado para 2020.
Todavia, de outro lado, a fragilidade jurídica estabelecida pela Operação Calvário culminando com as vexatórias denúncias e prisões de secretários, somada a uma insatisfação generalizada de setores graúdos do PSB, prestes à oficialização de uma debandada histórica, não dão a Ricardo a segurança necessária para empreender um projeto eleitoral em curto prazo, colocando-o de cócoras diante de sua própria autossuficiência.
Nesse caso, melhor esperar a poeira baixar e “perder ganhando” com Gervásio mesmo.
Ytalo Kubitschek
Bastidores da Política PB