O Recado das urnas foi muito claro! O Brasil disse não a roubalheira, não a baderna, não a implementação do comunismo, não a bandeira vermelha, não ao assistencialismo com fins eleitoreiros (diferente de política assistencial).
Muito mais do que isso! O Brasil fez valer a democracia com uma diferença de quase 11 milhões de votos. Os brasileiros escolheram seguir um novo projeto, dar um novo rumo e construir uma nova história para este país que estava tão sofrido e decepcionado com tantas crises que o permeavam e que iam desde a democracia representativa à crise econômica oriunda de uma má gestão que assolou os últimos 4 anos do Governo PT/MDB que resultou no afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff.
Resta o PT reconhecer e fazer uma autorreflexão profunda, uma autocrítica verdadeira dos erros que cometeram. O principal deles – a institucionalização da corrupção no Brasil e achar que o povo brasileiro ainda era massa de manobra. Mero engano! O Povo brasileiro aprendeu a ter voz, senso crítico e principalmente: Votar com a própria consciência.
O renascimento da Extrema direita no Brasil
O Reino Unido, a França e a Alemanha são três exemplos recentes de países centrais na política europeia que viram a expressão eleitoral da extrema direita crescer nos últimos meses. Da mesma forma, os Estados Unidos com a eleição de Donald Trump prenunciaram o o renascimento da Extrema direita no Brasil e conseguintemente o desejo de mudança no Brasil. O Resultado da eleição de 2018 não representa o crescimento ou declínio de um ou outro partido, mas a esperança e o sentimento de Justiça, o surgimento ou manutenção de imaginários sociais que cria o bolsonarismo e recria o lulismo cujas manifestações observáveis nos ambientes político e eleitoral têm capacidade de influenciar as escolhas dos eleitores que não são eternas, mas, por outro lado, podem não findar.
‘Todo poder emana do povo’
É fato que o eleito governará para todos e hoje inicia-se um novo tempo cuja escolha a partir da polarização será regida à luz da Constituição Federal. Resta aos que não lograram êxito na sua escolha, terem a ciência da legitimidade do processo democrático e aceitar a escolha do povo brasileiro. Não será fácil! Afinal, como o próprio filósofo Luiz Felipe Pondé nos afirma, fazemos parte de uma sociedade mimimizada onde o mal-estar se agravou.
E é nesta sociedade onde as pessoas não conseguem desenvolver ferramentas de socialização eficientes o bastante para uma conversa e como resultados, passamos a nos conectar por que a relação não tem mais a mesma consistência, agora é frágil como uma conexão, e quando não temos qualidade, investimos na quantidade. O fato, é que as relações humanas estão cada vez mais flexíveis e o ser humano, em especial a geração mimimi (Que é o beicinho, a magoazinha, a desistência do fracote, a apelação de quem acha que vai mudar o mundo com sua opinião), estão acostumados com o mundo virtual e com a facilidade do “desconectar-se”.
Militância Digital e a força das Redes Sociais
Desconectar-se que não surtiu efeito no resultado do pleito eleitoral. Pelo contrário, o conectar-se foi de fundamental importância para o crescimento e eleição de Jair Messias Bolsonaro. Possuir uma militância digital sólida e forte, trabalhar a humanização do candidato em tão pouco tempo com tão pouco marketing, tão pouco dinheiro e uma produção de conteúdo muitas vezes amadora por parte de sua assessoria ou até mesmo pelos familiares do candidato, hoje eleito presidente, quebra a hegemonia e os paradigmas da comunicação política tradicional que ofertava apenas 8 segundos de tempo de TV.
É indubitável não falarmos do poder das redes sociais que resultaram na constituição/enunciação do processo decisório por parte do povo brasileiro. As redes sociais conseguiram pois,
evidenciar as potencialidades, construir e fundamentar discursos, fomentar o empenho da militância, desconstruir e desestabilizar uniões político-midiáticas e muito mais do que isso, nos deu a lição que a internet tornou-se de fato um espaço/ambiente de fortalecimento para ciberpolitica e a ciberdemocracia.
Rodolpho Raphael é Professor e Jornalista. Mestrando em Computação, Comunicação e Artes com linha de Pesquisa: Mídias em Ambientes Digitais. Especialista em Mídias Digitais, Comunicação e Mercado; Especialista em Comunicação Política e eleitoral.