A cada ano, o que deveria ser uma celebração das nossas raízes nordestinas se torna um evento descaracterizado, onde o forró autêntico é substituído por qualquer coisa que atraia multidões. O São João de muitas cidades paraibanas, incluindo Patos, é um retrato claro desse descaso. A tradição está sendo sufocada pela mercantilização e pela busca incessante por grandes nomes da mídia, deixando de lado os verdadeiros representantes do forró.
A desculpa sempre é a mesma: dizem que o forró tradicional não atrai público. Mas a realidade desmente esse argumento. Basta olhar eventos como o “Forró Verão”, que reúne milhares de forrozeiros apaixonados pelo ritmo que define nossa cultura. O problema não é a falta de interesse, e sim a falta de compromisso dos organizadores em valorizar o que é nosso.
O forró não é apenas um gênero musical; é a identidade do Nordeste. Esquecer artistas que construíram essa história é uma afronta à nossa cultura. A Paraíba é berço de talentos, mas eles são constantemente ignorados nos palcos que deveriam exaltá-los.
Não se trata de uma luta contra os profissionais envolvidos na organização, que entregam um evento grandioso. O problema está na destruição sistemática da cultura do festejo, onde a essência do São João é sacrificada em nome de interesses comerciais.
Se não houver uma mudança de mentalidade, se continuar essa preferência pelo lucro fácil em detrimento da identidade cultural, o São João autêntico pode acabar se tornando apenas uma lembrança distante. E o pior: com a conivência de quem deveria protegê-lo.
GD Mendonça – Analista Político e Produtor Artístico
