Eleito em 2012 com esplendorosos 246.581 votos (68,1%) para assumir a Prefeitura de João Pessoa, que se encontrava em ebulição desde o rompimento entre os ex-prefeitos Ricardo Coutinho e Luciano Agra, o destino reservava desafios históricos ao jovem deputado estadual Luciano Cartaxo.
O enxame de denúncias contra os antecessores ainda não tinha voado com seu efeito devastador. Por isso, havia um doce a adoçar os lábios das abelhas ricardistas. A abelha-rainha, no Palácio da Redenção, acompanhava tudo com a astúcia que lhe é peculiar.
Rendido à aprovação de Cartaxo nos dois primeiros anos de gestão, não lhe coube outra alternativa senão juntar-se a ele. Ágil como uma serpente, atraiu Lucélio Cartaxo para sua chapa como candidato a senador e, por trás da cortina, estimulou José Maranhão a entrar no páreo para reconquistar a cadeira de senador.
Derrotado Lucélio, foi desmontado o palanque estrategicamente armado por RC para 2014. Não contava o ex-governador, no entanto, que dois anos depois o mesmo José Maranhão usado para fraturar o grupo Cartaxo em 2014, se voltaria contra o feiticeiro e seria fiador de uma improvável aliança com PMDB e PSDB de mãos dadas para ungir o deputado federal Manoel Júnior como novo vice-prefeito.
Os 222.689 votos (59,67%) não deixaram dúvidas. A mensagem do eleitor pessoense em 2016 teve clareza meridiana: Luciano Cartaxo foi um bom prefeito e Ricardo Coutinho já não dá mais cartas na política de João Pessoa, como sempre imaginou.
Em eleição, todavia, ganha quem erra menos. E a escolha do sucessor de Luciano em 2020 será determinante para o êxito e a continuidade do seu projeto político-administrativo. Se vacinar contra a “síndrome de Ricardo Coutinho” é medida profilática para coroar sua administração e evitar o isolamento que merecidamente se abate sobre o adversário.
De fato, não se pode negar o histórico hábil e sagaz de Ricardo Coutinho. Muito menos subestimá-lo. Sempre focado em projetos de poder, amizade para o ex-governador é negócio, coisa circunstancial e com validade pré-definida.
E se não fosse mito que as cobras encantam, seria fato que de seu veneno já provaram José Maranhão, Cássio Cunha Lima e, especialmente, Luciano Cartaxo.
No momento, olha com pálpebras fechadas, como uma naja, se ainda tem capacidade para encantar mais alguém a ser fatalmente picado.
Ricardo Coutinho é assim, só ele o mundo a sua frente.
Esperto e só. Profundamente só…
Ytalo Kubitschek para o portal bastidoresdapoliticapb