Jair Bolsonaro não vai desistir do golpe, segundo Denis Rosenfield.
“Como não ousa abertamente dizer que pretende instaurar uma ditadura, porque perderia adeptos que ainda acreditam no que ele diz, arvora-se em defensor das liberdades que estariam sendo usurpadas. Ora, é ele o usurpador, por identificar o seu arbítrio com as liberdades (…).
Neste contexto, está fadado ao fracasso o esforço de ministros e políticos em conter Bolsonaro, como se pudessem eles ser ‘amortecedores’. Não faz o menor sentido, uma vez que o diálogo e a política democrática não fazem parte do seu cardápio político. Chega a ser risível o que se lê na imprensa, que os que procuram controlar o presidente no final o consideram imprevisível. Porém só é imprevisível para os que são seus ‘amigos’ neste momento, usufruindo privilégios e posições de poder, pois sua previsibilidade é total quando vista sob o prisma da política baseada na distinção entre amigos e inimigos, no uso sistemático do enfrentamento e na destruição das instituições democráticas.
“Não se trata somente de distúrbios psicológicos, graves, de um líder, mas da tentativa de instauração no país de um regime autoritário.”
Os interlocutores de Denis Rosenfield no Exército garantiram-lhe que não há chance de apoio dos comandantes militares ao golpe. Como ele diz em seu artigo, porém, Jair Bolsonaro pode contar com outro tipo de tropa, que está pronta para desencadear um conflito de rua.
O Antagonista