O ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, afirmou nesta segunda-feira estar “incrivelmente preocupado” com a variante sul-africana do novo coronavírus e que a linhagem representa um problema maior do que a cepa britânica, batizada de B.1.1.7 e identificada em vários países.
O editor de política da emissora britânica ITV também anunciou nesta segunda-feria que um cientista não identificado que assessora o governo do Reino Unido teria manifestado preocupação quanto ao impacto da variante da África do Sul nas vacinas desenvolvidas contra o Sars-CoV-2. De acordo com a fonte, cientistas não estão totalmente convencidos acerca da eficácia destes imunizantes contra a nova cepa.
Dados preliminares indicam que a versão sul-africana tem múltiplas mutações na proteína spike, também conhecida como proteína S, usada pelo coronavírus para infectar células humanas. A variante também tem sido associada a uma maior carga viral, o que significa uma maior concentração de partículas o vírus nos pacientes infectados, o que pode contribuir para uma transmissão mais contagiosa.
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Em meados de dezembro, a comparação entre as cepas britânica e sul-africana gerou indisposição entre os governos dos dois países. A preocupação do Reino Unido levou o país a suspender voos com origem na nação africana.
— Eu estou incrivelmente preocupado com a variante da África do Sul. Essa é a razão pela qual agimos e restringimos todos voos com origem no país. Esse é um problema muito, muito significativo, e é mais preocupante do que a nova variante do Reino Undio — disse Hancock, em entrevista à Rádio BBC nesta segunda-feira.
A Agência de Saúde Pública da Inglaterra afirmou que não há evidências que sustentem que vacinas não serão eficazes contra a mutação sul-africana. O Ministério da Saúde britânico não respondeu à Reuters sobre os comentários de Robert Peston, editor do canal ITV, que citou uma fonte anônima assessora do governo do Reino Unido que explicaria a preocupação de Matt Hancock.
— Segundo um dos assessores científicos do governo, o motivo pelo qual Matt Hancock está “incrivelmente preocupado” com a variante do coronavírus encontrada na África do Sul é que eles (cientistas que assessoram o Ministério da Saúde) não estão tão confiantes de que as vacinas serão efetivas contra essa linhagem quanto contra a versão britânica — disse Peston.
Cientistas, incluindo Ugur Sahin, CEO da BioNTech, companhia que desenvolveu a vacina aprovada pelo Reino Unido em parceria com a Pfizer, e John Bell, da Universidade de Oxford, afirmaram que estão testando seus respectivos imunizantes para as novas variantes e que teriam a capacidade de adaptá-las em até seis semanas.
No último domingo, Bell, que também assessora a força-tarefa do governo britânico para vacinas contra a Covid-1, disse acreditar que as vacinas ora conhecidas funcionarão contra a mutação britânica. O cientista, no entanto, ponderão que ainda há um “enorme ponto de interrogação” sobre a versão sul-africana.
Reuters