Deputado federal de 1983 a 2002 e um dos mais importantes líderes do PC do B no país, Haroldo Lima morreu na madrugada desta quarta-feira (24) em Salvador aos 81 anos.
Ele estava internado em um hospital particular de Salvador desde a última semana com diagnóstico de Covid-19. O seu quadro de saúde havia piorado na sexta-feira (19), quando precisou ser intubado.
Natural de Caetité, sudoeste da Bahia, começou a participar ativamente da política no final dos anos 1950, quando cursou engenharia elétrica na Universidade Federal da Bahia e participou do movimento estudantil.
Nos anos 1960, foi um dos fundadores da AP (Ação Popular), movimento armado que confrontou a Ditadura Militar (1964-985). Viveu na clandestinidade e em 1072 filiou-se ao PC do B.
Foi preso em dezembro de 1976 após uma reunião clandestina do comitê central do PC do B em São Paulo. A ação policial, na qual foram mortos os dirigentes Pedro Pomar, Ângelo Arroio e João Batista Drumond, ficou conhecida como Chacina da Lapa.
Na cadeia, Haroldo Lima sofreu torturas de agentes do regime militar por 11 dias consecutivos: “Você ficava numa cadeira, que era chamada de cadeira do dragão, algemado na cadeira, seja de dia e de noite, ia sendo torturado”, lembrou Lima em 2019 em entrevista à rádio Metrópole, da Bahia.
Deixou a prisão em agosto de 1979, após a promulgação da Lei da Anistia, e retomou a militância. Em 1981 foi preso novamente sob acusação de ter articulado a depredação de ônibus urbanos em protesto contra aumento do preço das passagens de ônibus em Salvador.
Filiou-se em 1982 ao MDB, partido de oposição à ditadura, sendo eleito deputado federal pela Bahia. Desde então, foi eleito para mandatos sucessivos na Câmara dos Deputados e cumpriu mandatos até 2002, quando disputou a eleição para o Senado e foi derrotado.
Em 2005, foi indicado pelo então presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) para chefiar a ANP (Agência Nacional do Petróleo), deixando o cargo em 2011. Desde então, vinha atuando com consultor na área de petróleo e gás.
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), lamentou a morte de Haroldo Lima e destacou a sua luta pela democracia e por uma sociedade mais justa.
“Tive o privilégio de participar do convívio do ex-deputado e, neste momento de dor, quero mandar meu abraço aos seus familiares, amigos e também para toda a militância do PC do B, que continuará tendo Haroldo como uma grande referência”, afirmou.
Em nota, o PC do B destacou a trajetória de Haroldo Lima, lembrando a sua participação ativa e decisiva na história recente do Brasil. Líderes do partido com o governador Flávio Dino, além de deputados federais, também lamentaram a morte do ex-deputado.
Haroldo Lima é o terceiro político baiano a morrer por Covid-19 em menos de uma semana. Também morreram após complicações da doença o prefeito de Vitória da Conquista, Herzem Gusmão (MDB) e o vereador em Salvador Irmão Lázaro (PL).
FOLHAPRESS