Em artigo publicado nesta quinta-feira (17) no jornal francês “Le Monde”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) justifica a manutenção de sua candidatura, apesar de sua prisão, por ela ser “uma proposta de reencontro do Brasil com o caminho de inclusão social, diálogo democrático, soberania nacional e crescimento econômico”.
No artigo “Porque eu quero voltar a ser presidente”, Lula relembra sua trajetória política, volta a dizer que é inocente e diz que as eleições “só serão democráticas se todas as forças políticas puderem participar de forma livre e justa”.
O jornal francês não explica como conseguiu o artigo. Preso desde 7 de abril, após ser condenado no caso do tríplex a 12 anos e um mês de prisão, Lula tem recebido a visita de advogados, familiares e políticos do PT.
“Sou candidato a presidente do Brasil, nas eleições de outubro, porque não cometi nenhum crime e porque sei que posso fazer o país retomar o caminho da democracia e do desenvolvimento, em benefício do nosso povo”, começa o artigo.
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente
Condenado em segunda instância, Lula, em tese, está enquadrado na Lei da Ficha Limpa e deve ser impedido de disputar a eleição deste ano. Apesar disso, tanto ele quando o PT mantêm sua pré-candidatura.
No texto, o petista lembra que lidera todas as pesquisas de intenção de votos e diz que sua prisão é uma tentativa de impedir que se candidate novamente.
“Um juiz notoriamente parcial me condenou a 12 anos de prisão por ‘atos indeterminados’. Alega, falsamente, que eu seria dono de um apartamento no qual nunca dormi, do qual nunca tive a propriedade, a posse, sequer as chaves”, escreveu Lula.
“Para me prender, e tentar me impedir de disputar as eleições ou fazer campanha para o meu partido, tiveram que ignorar a letra expressa da constituição brasileira, em uma decisão provisória por apenas um voto de diferença entre 11 na Suprema Corte.”
Lula se refere a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que negou um pedido de habeas corpus por seis votos a cinco seguindo o entendimento que autoriza a prisão de um condenado em segunda instância.
“Eu já fui presidente e não estava nos meus planos voltar a me candidatar. Mas diante do desastre que se abate sobre povo brasileiro, minha candidatura é uma proposta de reencontro do Brasil com o caminho de inclusão social, diálogo democrático, soberania nacional e crescimento econômico, para a construção de um país mais justo e solidário, que volte a ser uma referência no diálogo mundial em favor da paz e da cooperação entre os povos”, termina o texto.
UOL