Coordenador do comitê científico do Consórcio Nordeste e um dos maiores cientistas e pesquisadores do mundo, o brasileiro Miguel Nicolelis nesta quarta-feira (20) que “o lockdown nacional é urgente” no Brasil.
De acordo com Nicolelis, que também é médico de formação, apesar do ânimo da população com o início da vacinação contra a Covid-19, mesmo se ela estivesse ocorrendo a pleno vapor as medidas restritivas seriam necessárias, dada a demora para que o imunizante realmente faça diferença nas curvas de transmissão do coronavírus.
O cientista cobrou que governantes assumam sua responsabilidade e deixem de encarar o lockdown como tabu. Ele também pontuou que é necessário dar suporte financeiro às famílias que serão privadas do trabalho.
“Evidentemente que a notícia da vacina foi muito boa, todos nós estávamos esperando, mas o Brasil precisa de muito mais do que vacinas neste instante para evitar múltiplas Manaus por todo o país. Aliás, elas já estão acontecendo em pequenos municípios da região Norte. A pandemia está fora de controle e ela não vai ser controlada só com a vacinação, nem se ela fosse ideal”, alertou.
“Se nós estivéssemos vacinando centenas de milhares de pessoas por dia, nós levaríamos alguns meses para ver um efeito populacional na queda da transmissão do vírus. O Brasil precisa manter e ampliar as outras medidas, que são as únicas que nós temos: o isolamento social, uso de máscaras, higienização. Lockdown não é palavrão, todo mundo morre de medo de falar a palavra e assumir o que é patente entre a comunidade científica, de que em condições com taxas de ocupação acima de 80% e curvas crescentes de casos e óbitos, você precisa fechar. Não tem saída. O lockdown é urgente”, concluiu.
Nicolelis relatou ainda que o número de ocupação em UTIs de todo o Brasil é alto e que em pouco tempo pacientes com Covid-19 não poderão nem mesmo ser transferidos para outros hospitais. “Daqui a pouco não vai ter para onde transferir. Temos o país inteiro com taxas de UTI chegando a 90%, acima de 80%, que é um nível crítico”.
Brasil 247