O governo Lula liberou na última terça-feira um montante de R$ 1,7 bilhão em emendas para os parlamentares, em meio a uma semana turbulenta nas relações com o Congresso Nacional. A Câmara dos Deputados, contrariando os interesses do Palácio do Planalto, aprovou o Projeto de Lei do Marco Temporal, acrescentando mais pressão ao governo, que enfrenta dias decisivos. Além disso, deputados e senadores irão votar nesta quarta-feira a Medida Provisória da Esplanada, outra prioridade do governo, que define a estrutura dos ministérios.
Essa liberação de recursos representa o maior valor em um único dia durante todo o governo Lula. No início de maio, o governo havia empenhado R$ 700 milhões em um só dia. O governo optou por acelerar a autorização de pagamento após a derrota na votação que derrubou os decretos de Lula relacionados ao Marco do Saneamento.
Uma parte significativa dos recursos foi retirada dos cofres do Ministério da Saúde. Além disso, essa liberação ocorre dentro do prazo estabelecido pelo Fundo Nacional de Saúde, responsável pela execução dos pagamentos. O prazo para as prefeituras e governos enviarem suas propostas de trabalho, para os quais receberam os recursos, encerra-se nesta semana.
Nesta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com seus principais líderes no Congresso, assim como os ministros da Casa Civil e das Relações Institucionais, Rui Costa e Alexandre Padilha, respectivamente. Após a reunião, Lula entrou em contato com Arthur Lira, presidente da Câmara, expressando-se sobre as dificuldades na articulação do governo, de acordo com fontes próximas ao parlamentar. Há a possibilidade de um encontro entre os dois ainda hoje.
Durante a conversa com o presidente, Lira também mencionou seu descontentamento com os ataques que vem recebendo nas redes sociais por parte do senador Renan Calheiros (MDB-AL), um aliado do governo. Os dois são adversários políticos em Alagoas. O presidente da Câmara ressaltou a importância do “respeito” na política.
A ligação de Lula para o presidente da Câmara ocorre na véspera da votação, pelos deputados, da Medida Provisória que reestruturou os ministérios do governo. O relator do texto, deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), fez alterações esvaziando as pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas.