A seis meses das eleições, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) minimiza o fato de o pré-candidato de seu partido ao Palácio do Planalto, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, aparecer estagnado nas mais recentes pesquisas de intenção de voto, na faixa dos 8%. “Geraldo é um corredor de maratona, não de 100 metros”, disse na quarta-feira, 18, ao Estado, em seu escritório na capital paulista.
O tucano, de 86 anos, cita como exemplo sua própria campanha em 1994, quando só decolou em junho na esteira do Plano Real. Sobre uma eventual candidatura do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, Fernando Henrique afirma: “Foi um juiz competente, teve coragem, mas isso qualifica você para presidente? Por isso só, não”. “Não sei o que ele pensa.”
Marianna Holanda e Eduardo Kattah, O Estado de S.Paulo
A seis meses das eleições, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) minimiza o fato de o pré-candidato de seu partido ao Palácio do Planalto, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, aparecer estagnado nas mais recentes pesquisas de intenção de voto, na faixa dos 8%. “Geraldo é um corredor de maratona, não de 100 metros”, disse na quarta-feira, 18, ao Estado, em seu escritório na capital paulista.
O tucano, de 86 anos, cita como exemplo sua própria campanha em 1994, quando só decolou em junho na esteira do Plano Real. Sobre uma eventual candidatura do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, Fernando Henrique afirma: “Foi um juiz competente, teve coragem, mas isso qualifica você para presidente? Por isso só, não”. “Não sei o que ele pensa.”
Questionado se o fato de o senador Aécio Neves (PSDB) ter se tornado réu pode contaminar a campanha tucana, Fernando Henrique cita o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Qual foi o impacto na inclinação pelo Lula? Até agora nenhum”. Ao comentar a prisão do petista, condenado na Lava Jato, ele rebate a tese do partido adversário, dizendo que não se trata de um preso político. “É um político preso.” Fernando Henrique lança hoje o livro Crise e reinvenção da política no Brasil, pela Companhia das Letras. Leia abaixo os principais trechos da entrevista:
No seu livro, o sr. fala que um líder deve ser capaz de explicar, passar uma mensagem. Que mensagem é essa e quem seria capaz de transmiti-la hoje?
Sempre fomos um País que achávamos que daria certo, grande pela própria natureza. Somos, mas não basta. Temos que ser grandes pela criatividade, tecnologia, capacidade. Tem que ter um rumo, essa é a mensagem. Para melhorar a vida das pessoas, com segurança, garantida a liberdade, crescendo a economia, emprego e bem-estar. Para isso, é preciso um governo que funcione. É simples, mas é preciso que quem emita a mensagem, tenha chama, toque no outro. O povo, por enquanto, não está nem aí. Política é assim, estamos aquecendo os motores.
O livro fala ainda em uma “nova onda de direita”. Quem representa esse movimento?
No Brasil, temos gente que não é nem de direita nem de esquerda, é atrasada. O nome mais falado agora é o de (Jair) Bolsonaro. Não sei o que ele representa. Um sentimento de ‘quero ordem, mata bandido?’ É um sentimento que não tem expressão política. O que significa na economia, na vida social? É só uma explosão.
Sobre o Judiciário, o sr. diz que teria se tornado mais consciente da sua autoridade e mais “permeável” à sociedade. O STF tem sido alvo de críticas por isso.
Fomos nós da Assembleia Constituinte que demos esse poder ao Supremo. Você pode requerer ao tribunal que, no vácuo da lei, ele legisle. Ele tem abusado? Não creio. Nas áreas comportamentais, como o Congresso fica receoso de avançar, às vezes o Supremo avança.
E nos casos da Lava Jato?
A Lava Jato fez simplesmente o que todo mundo queria que se fizesse, pegou poderosos e ricos. O Supremo às vezes dá um habeas corpus e a população reclama, mas é que a lei permite liberar. Não acho que a Lava Jato tenha, no geral, extrapolado. E muito menos que ela seja facciosa, pegue um só partido. Estamos vendo agora, pegou os partidos que estavam no poder. Os que não estavam é natural que tenham menos foco na Lava Jato, porque não estavam metidos na cumbuca. Não é que a Justiça favorece os tucanos, favorece porque não estão no poder. Lava Jato foi um fato político muito importante, mas não dota aquele que foi o protagonista de qualidades para ser líder político. Mas há uma tentativa também de atacar o (juiz Sérgio) Moro. Acho que ele é apenas um juiz correto, tenta aplicar as leis tal qual ele entende.