Cumprindo quarentena em casa, no Recife (PE), o presidente do PSL, Luciano Bivar, recebeu uma ligação inesperada no mês passado. Era Jair Bolsonaro, com quem não falava desde que o presidente da República decidiu se desfiliar da legenda. Ao telefone, com seu jeitão meio incompreensível e acelerado, Bolsonaro tentou ser simpático, falou de amenidades e até convidou o cacique para uma conversa ao vivo assim que a pandemia permitir. Interlocutores de Bivar e Bolsonaro dizem que foi um contato de cortesia e que serviu para quebrar o gelo entre os dois. Mas foi mais do que isso. O gesto de Bolsonaro pôs em andamento um projeto de reaproximação com o PSL, partido que o presidente deixou em meio a um arsenal de acusações, troca de dossiês e disputas jurídicas. A separação foi anunciada em outubro do ano passado, quando Bolsonaro deu um pito em um apoiador que tentava gravar um vídeo em que dizia que o presidente e Bivar estavam juntos. “Ô cara. Não divulga isso. O cara está queimado para caramba lá. Esquece o partido”, disse. Um mês depois, o presidente abandonou o PSL e anunciou que criaria a própria legenda, a Aliança pelo Brasil.
Nove meses se passaram e o plano do presidente não saiu conforme o esperado. A Aliança pelo Brasil ainda está bem longe de se tornar realidade — se é que um dia vai sair do papel. O PSL, por sua vez, ganhou novos filiados, seus dirigentes, mais autonomia, mas concluiu que a saída do presidente pode não ter sido um bom negócio para a legenda, que perdeu um importante cabo eleitoral. Por isso, os dois lados resolveram tentar uma reaproximação. A iniciativa partiu do presidente, que escolheu o deputado Filipe Barros (PSL-PR) como seu negociador. Bivar, por sua vez, entregou a missão ao advogado Antônio Rueda, vice-presidente da legenda. Desde junho, os dois prepostos negociam um armistício, que passa pelo cumprimento de um rol de exigências de lado a lado. Bolsonaro apresentou uma lista de oito parlamentares que ele gostaria que fossem expulsos do partido. Um aliado do presidente revelou a VEJA que estão na relação o senador Major Olimpio e os deputados Joice Hasselmann, Julian Lemos e Junior Bozzella.
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