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Ex-cunhada indica em gravações envolvimento direto de Bolsonaro em caso da ‘rachadinha’, diz site

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A ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a fisiculturista Andrea Siqueira Valle, disse que o mandatário demitiu seu irmão, André Siqueira Valle, porque ele se recusou a entregar a maior parte de seu salário a Bolsonaro, que na época era deputado federal. É o que mostram áudios de Andrea obtidos pelo site “UOL”. Nas gravações, a fisiculturista diz ainda que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro e denunciado pelo Ministério Público no esquema de “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), não foi o único a recolher os salários dos funcionários do atual senador. Ela aponta que a maior parte do salário que recebia do gabinete do filho mais velho do presidente era recolhida pelo coronel da reserva do Exército Guilherme dos Santos Hudson.

Assim como Queiroz, o senador Flávio também é investigado pelo MP no esquema que orientava assessores do seu antigo gabinete a devolver parte de seu salário. De acordo com o áudio de Andrea, a prática também seria feita por Bolsonaro na época em que ele esteve na Câmara federal. O presidente foi deputado federal entre 1991 e 2018.

— O André dava muito problema, porque o André nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6 mil, André devolvia R$ 2 mil, R$ 3 mil. Foi um tempão assim, até que o Jair pegou e falou: ‘Chega, pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’ — disse Andrea no áudio obtido pelo “UOL”.

Andrea e André são irmãos de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro e mãe do filho mais novo do presidente, Renan. Andrea foi assessora de Bolsonaro na Câmara entre setembro de 1998 e novembro de 2006. Depois, trabalhou no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (de novembro de 2006 a setembro de 2008) e de Flávio (de agosto de 2008 a agosto de 2018), período em que ele esteve na Alerj.

Já André foi lotado no gabinete de Jair por pouco menos de um ano, entre novembro de 2006 e outubro de 2007. Antes, tinha trabalhado em dois momentos como assessor do filho “02” do presidente, Carlos: de agosto de 2001 a fevereiro de 2005, e de fevereiro de 2006 a novembro do mesmo ano.

— Não é pouca coisa que eu sei, não. É muita coisa que eu posso ferrar a vida do Flávio, posso ferrar a vida do Jair, posso ferrar a vida da Cristina. Entendeu? É por isso que eles têm medo aí e manda eu ficar quientinha, não sei o que, tal. Entendeu? É esse negócio aí — diz Andrea em um dos áudios.

De acordo com a ex-cunhada do presidente, o coronel da reserva do Exército Guilherme dos Santos Hudson era responsável em recolher grande parte de salário na época que trabalha no gabinete de Flávio. O militar, tio de Andrea, André e Cristina, foi assessor do então deputado estadual entre junho e agosto de 2018.

— O tio Hudson também já até tirou o corpo fora, porque quem pegava a bolada era ele. Quem me levava e buscava no banco era ele — diz Andrea, que também diz: — Na hora que eu tava aí fornencendo também, e ele também estava me ajudando, lógico, e eu também estava. Porque eu ficava com mil e pouco e ele ficava com R$ 7 mil. Então assim, certo ou errado, agora já foi. Não tem jeito de voltar atrás.

 

O Globo

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