O ex-governador Ricardo Coutinho foi colocado no centro de uma grande discórdia dentro do PSB, na Paraíba. Escolhido para comandar a comissão provisória que vai gerir a sigla até a realização de novas eleições, ele é tachado de “golpista” por correligionários. As posições mais duras vêm do presidente afastado do partido, Edvaldo Rosas, mas também do governador João Azevêdo. O gestor diz não concordar com a “autodissolução” do diretório estadual.
Durante entrevista exclusiva ao blog, Ricardo demonstrou desconforto com a situação. Ele lembrou que deixou de disputar uma vaga para o Senado com o intuito de fortalecer a eleição de João Azevêdo e diz estranhar a posição dos colegas de partido. “Eu servi para ficar no governo, para não ter um mandato de senador e não sirvo para governar o partido, para ser presidente do partido?”, questiona.
Confira abaixo, em tópicos, a íntegra da entrevista:
“O governo (o anterior) era mais vanguardista do que o partido, do ponto de vista político. A pauta do governo puxava o partido…”
“Dizem que a águia chega aos 70 anos, ela perde todos os pelos, perde as garras, perde tudo, e é um processo doloroso esse. Só que quando voltam as garras, aí ela vive mais 70 anos. Então, ela tem que fazer isso. Nós estamos fazendo a mesma coisa…”
“Edvaldo Rosas perdeu a condição, que já era bastante tênue, na sua condição de presidir um partido e tal, ele vinha de um momento em que o governo tinha puxado o partido, a pauta política…”
“Eu vejo com muita tristeza (a reação de aliados), por que eu servi para eleger 22 estaduais, seis federais, o estadual mais votado, o federal mais votado, o senador mais votado e um governador que há quatro meses da eleição tinha 2% de conhecimento…”
“Na relação, por exemplo, com a Assembleia, se voltou a feudalizar o Estado. Isso, eu tive um trabalho, o governo teve um trabalho enorme, para dizer, rapaz, na política vamos juntos…”
“Isso voltou a ser feito, pela cabeça de Nonato Bandeira, que tem esse pensamento atrasado, e que o governador deixou ele montar e ele montou e aí, está aí, grupos, vários, sabe? Oposição inteira na segunda mesa da Assembleia, derrota do candidato, suposto candidato do governo…”
“…podem trazer profundos dissabores ao governador João Azevêdo e ele, me parece, prefere essas companhias a outras companhias”
Sobre o racha na base aliada:
“Tem muita gente que acha, que torce por isso, porque tem uma parte da política que é fisiológica e raciocina da seguinte forma: se eu tenho aqui um todo e dentro desse todo tem várias partes, se eu elimino aqui, uma dessas partes, vou ficar com o todo para dividir entre nós…”
“Eu não vejo nenhum motivo de o atual governador de romper com o partido que lhe deu a primazia de governar o Estado…”
“Eu acho que eu tenho todo o direito de expor minhas opiniões e preocupações em relação ao projeto político…”
“Eu não diria arrependimento (de ter ficado até o fim do mandato), mas eu não abriria mão hoje, não (de disputar o Senado). Por que, eu acho que com a conjuntura nacional eu poderia dar a contribuição…”
“Questionado sobre se teme que as delações da operação Calvário o atinjam: “Em hipótese alguma. Eu não posso impedir que alguém, de uma forma não verdadeira possa me incluir ou incluir você no meio disso. Eu não tenho como impedir. Agora, eu não tenho nenhum temor em relação a nada que eu tenha feito…”
“Por que eu falo do sistema judiciário? Por que eu acho que tem muita coisa que se extrapolou dos limites do estado de direito. As coisas hoje estão sendo provadas e tal, mas eu fico olhando: como pode uma preventiva ter um ano? Dois anos? Isso não existe. Então você só sai quando delatar. Delatar o quê?”
“Eu nunca fui favorável a OS. Eu tinha uma reserva enorme com OS, mas ao mesmo tempo eu tinha um compromisso e uma determinação, graças a Deus, uma determinação, de fazer com que as coisas republicanamente pudessem funcionar…”
“Contratamos uma OS que para todos nós era a Cruz Vermelha. Ora, quem era que ia duvidar da Cruz Vermelha. Para mim, a Cruz Vermelha sempre foi e era uma organização mundial, com relevantes serviços prestados…”
“Questionado sobre as pessoas denunciadas pelo Gaeco por terem recebido propinas:
“Eu desconheço. Na verdade, sempre desconheci isso. Eu não tenho nenhuma informação sobre isso. E eu conheço são as pessoas que estão sendo acusadas. Teve gente que deixou o governo e não tinha dinheiro para fazer feira, amigo…”
“Questionado sobre a disputa eleitoral em João Pessoa, em 2020:
“Não tem nenhuma decisão sobre isso. Isso será discutido posteriormente…”
“(sobre candidatura), eu acho que (falta) uma análise profunda. (Vamos) sentar com os companheiros…”
E sobre 2022? Disputa pelo governo do Estado ou pelo Senado:
“(risos) Eu não consigo fazer conta para seis meses depois, imagine para 2022?”
“Tem coisas que eu não diria que eu tenho ressentimento, mas para mim se tem algumas surpresas. Eu sempre tive cuidado com quem me rodeia, porque, se a minha função como prefeito é liderar, eu tenho que ter muito cuidado com quem me rodeia…”
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