“O mundo, na verdade, está entrando em uma quarta onda, mas as regiões tiveram comportamento diferente em relação à pandemia. Na região das Américas, há uma transmissão comunitária continuada, com pequenos picos, enquanto a Europa está entrando de novo em uma ressurgência de casos”, explicou a diretora da OMS, conforme o Estadão, em evento da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), nesta segunda-feira (22).
Ela não fez previsões específicas para o Brasil, mas mostrou preocupações com a volta do Carnaval e outros eventos em 2022.
O país tem reduzido drasticamente as taxas de casos e mortes por COVID-19 após o avanço da vacinação nos últimos meses.
Atualmente, 60,8% da população brasileira já completou o ciclo vacinal, tendo tomado as duas doses ou a dose única há mais de duas semanas. Além disso, 76,2% já receberam ao menos uma aplicação, enquanto 6,7% já tomaram a dose de reforço.
Impactados com o aumento do número de casos da doença, diversos países da Europa estão fechando o cerco contra os não imunizados, o que tem ocasionado protestos pelo continente. A Áustria, por exemplo, impôs um lockdown específico contra quem se recusa a receber a vacina.
“O aumento da cobertura vacinal não influencia na higiene pessoal, mas tem associação com a diminuição do uso de máscaras e distanciamento social. Além disso, há desinformação, mensagens contraditórias que são responsáveis por matar pessoas”, explicou a médica brasileira.
4 fatores para o aumento da transmissão
Segundo a diretora da OMS, há quatro pontos principais que contribuem para a transmissão do vírus. O primeiro fator é o surgimento de variantes mais transmissíveis, como foi o caso da Delta, registrada na Índia e que se espalhou pelo mundo.
O segundo aspecto é o ínfimo índice de vacinação da população de baixa renda. Segundo dados da OMS, mais de 7,5 bilhões de doses já foram aplicadas no mundo, porém, em países mais pobres, na África e na Ásia, menos de 5% receberam ao menos uma dose da vacina.
Já o terceiro e quarto fatores, de acordo com a especialista, são, respectivamente, o fim das medidas de isolamento e a desinformação sobre a pandemia.
“Onde medidas de saúde pública são usadas de forma inconsistente os surtos continuarão a ocorrer em populações suscetíveis”, alertou.