Durante sessão remonta da Assembleia Legislativa da Paraíba, o vice-presidente Tião Gomes (Avante), se mostrou favorável ao uso medicinal de produtos à base de maconha, com voto pela derrubada do veto do governador ao Projeto de Lei 1920/2020 que incentiva pesquisas e uso da Cannabis Terapêutica.
Durante a votação, o parlamentar relatou que não entende as polêmicas que surgem sobre a regulamentação do uso medicinal
“Acho histerismo e hipocrisia quem se apresenta contra esse tratamento. Muita ignorância, também, porque não sabem que muitos dos remédios que tomam são retirados de drogas ilícitas. Alguém aqui já tomou anestesia para fazer alguma cirurgia? Já se medicaram em casa para uma dor de dente ou dor de cabeça? Já viu alguém da família ou amigos que tomaram anestésico para diminuir a dor causada pelo câncer ou o tratamento dele? Sabiam que todos esses medicamentos vêm do ópio? O mesmo ópio que também serve para produzir a morfina, a heroína e a metadona, usados por dependentes químicos em todo o mundo, causando, muitas vezes, milhares de mortes por overdose. Vocês agora vão deixar de tomar os medicamentos à base do ópio? Claro que não”, argumentou Tião Gomes.
Para o deputado, o debate em torno do uso medicinal da maconha reside na ignorância, falta de informação e no preconceito por ser a maconha uma droga ilícita que se encontra em qualquer esquina ou praça das cidades, independente do tamanho.
Na Paraíba, a Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace) é única instituição do país que tem o direito de cultivar a planta com esse fim e atende 14 mil pacientes desde 2017, quando Justiça Federal, na Paraíba, autorizou o plantio e a manipulação da erva.
“Estamos aqui tratando de problemas sérios de saúde acometidas em milhares de pessoas, independente de classe social, cor, religião, partido político, opção sexual, etc. E o Estado deve assumir esses problemas e transformar em política pública de saúde”, afirmou.
Cientistas já comprovaram, na Paraíba, Brasil e no mundo, que o uso medicinal de remédios à base de cannabis tem uma boa resposta para pacientes com epilepsias, demências, câncer, dor crônica e autismo.
“Qual pai ou mãe que não fica perplexo ao assistir uma filha ou filho com convulsão, se contorcendo no chão, desligada do mundo, com os olhos se revirando. Ao levá-la ao médico descobre que ela está com epilepsia refratária, uma doença com poucos medicamentos convencionais para o seu controle. O que você faria? Deixará sua criança tendo várias convulsões diárias, assistindo um quadro de horror tomando conta da pessoa que ama? Vamos para outro exemplo, seus pais começam a dar sinais, ou já estão no processo, de demência como Alzheimer e Parkinson, que não tem resposta adequada para os fármacos alopáticos que a gente tem atualmente no mercado. Já está provado que a cannabis medicinal alivia a rigidez e os espasmos em pessoas com epilepsia. O neurocientista, Dr. Renato Malcher Lopes, aponta outras indicações para tratamento, como: dor crônica, insônia, autismo, epilepsia, depressão e náuseas e vômitos provocados pela quimioterapia. Vai deixar que o preconceito tome conta da sua consciência ou correr para amenizar a dor do seu ente querido?”.
Finalizando, Tião Gomes citou o psiquiatra Pietro Vanni. “Acho que se não discutir o potencial terapêutico, não há quebra de preconceito. Não há grandes desafios, o processo é simples e bem conduzido. O único entrave é a falta de reconhecimento do potencial terapêutico”, concluiu.