Na mira da CPI da Covid por intermediar a compra da vacina indiana Covaxin junto ao Ministério da Saúde, o empresário Francisco Emerson Maximiano ascendeu nos negócios graças a uma ampla rede de contatos, que vai do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) a integrantes do PT. Sua ficha corrida é extensa: ele já foi alvo de investigações envolvendo negócios com os Correios, a Petrobras, o governo do Distrito Federal e o próprio Ministério da Saúde. A defesa de Maximiano nega qualquer irregularidade.
Antes de ser alvo da CPI, Maximiano já estava sob investigação da Polícia Federal em Brasília desde o início deste ano por suspeitas de pagamento de propina envolvendo um contrato dos Correios. Em fevereiro, a PF determinou sua intimação para prestar depoimento.
Dentro desse inquérito, a Receita Federal fez uma devassa nas finanças do empresário e identificou um um dado importante: ele movimentou (créditos e débitos) R$ 22 milhões entre entre 2013 e 2015, período em que declarou rendimentos de apenas R$ 523 mil. Essa discrepância de valores foi classificada pela Receita como “nitidamente incompatível”, já que a movimentação representa mais de 40 vezes o rendimento informado ao Fisco.
Aumento de patrimônio
Os auditores fiscais também apontaram “variação patrimonial a descoberto”, ou seja, aumento no patrimônio sem que tivesse lastro financeiro para tal.
Durante a gestão Bolsonaro, o empresário construiu pontes com o filho mais velho do presidente, Flávio. Ele buscou a ajuda do 01 para conseguir uma reunião com o mandatário do BNDES, Gustavo Montezano, realizada em 13 de outubro de 2020. Flávio apareceu como participante da audiência, na qual Maximiano pleiteou recursos do banco para uma empresa sua.
— Conheci (Maximiano) aqui em Brasília, depois que me elegi senador. Fomos apresentados por amigos em comum, mas não lembro exatamente o contexto. Estive com ele duas ou três vezes. Não tenho relação comercial nem empresarial com ele — afirmou Flávio.
A cronologia dos negócios de Maximiano com o governo federal mostra que ele também foi capaz de conquistar contatos valiosos durante o governo de Michel Temer (2016 a 2018). Em 2017, a Global Gestão em Saúde, do qual ele era sócio, foi contratada pelo Ministério da Saúde para fornecer medicamentos para doenças raras. À época, o ministro da Saúde era o atual líder do governo na Câmara, Ricardo Barros. O Ministério Público Federal constatou que a Global recebeu R$ 19 milhões de forma adiantada e não entregou os remédios. O MPF entrou com uma ação de improbidade contra Barros, a Global e outras quatro pessoas. Barros nega ter participado irregularidades no caso.
O Globo