Segundo as investigações, Ronnie teria feito disparos contra a vereadora e Elcio teria dirigido o carro usado para levar o executor. Ronnie estaria no banco de trás do Cobalt.
De acordo com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o crime foi meticulosamente planejado durante três meses que antecederam o atentado. Os crimes completam um ano nesta quinta-feira (14).
Além das prisões, a operação realiza mandados de busca e apreensão nos endereços dos denunciados para apreender documentos, telefones celulares, notebooks, computadores, armas, acessórios, munições e outros objetos. Durante todo o dia, haverá buscas em 34 endereços de outros suspeitos.
PM reformado Ronnie Lessa foi preso nesta terça-feria — Foto: Reprodução
A investigação aponta que Ronnie fez pesquisas na internet sobre locais que a vereadora frequentava. Os investigadores sabem também que desde outubro de 2017 o policial pesquisava também a vida do então deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Lessa também teria feito pesquisas sobre o então interventor na segurança pública do Rio, general Braga Neto.
A Operação Lume foi batizada em referência a uma praça no Centro do Rio, conhecida como Buraco do Lume, onde Marielle desenvolvia um projeto chamado Lume Feminista. No local, ela também costumava se reunir com outros defensores dos Direitos Humanos e integrantes do Psol. Além de significar qualquer tipo de luz ou claridade, a palavra lume compõe a expressão ‘trazer a lume’, que significa trazer ao conhecimento público, vir à luz.
O sargento Lessa foi preso em casa. Ele mora no mesmo condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro tem uma casa, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.
“É inconteste que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia”, diz a denúncia acrescentando que a barbárie praticada na noite de 14 de março do ano passado foi um golpe ao Estado Democrático de Direito.
Polícia na casa do suspeito Ronnie Lessa, na Barra da Tijuca — Foto: Reprodução/TV Globo
Assessora da vereadora presenciou o crime
Assessora que estava ao lado de Marielle Franco quando a vereadora foi executada, Fernanda Chaves afirmou que a chefe incomodava – mas não soube identificar uma situação específica para justificar o atentado. “Era um conjunto de coisas, a Marielle incomodava”, frisou.
Neste domingo (10), Fernanda falou pela primeira vez sem esconder o rosto. “Ela era obviamente crítica à ação das milícias, não tinha as milícias como alvo. Institucionalmente, ela tinha uma limitação como vereadora. O mandato dela estava muito mais voltado para questões de gênero, de violência contra a mulher”, emendou. Fernanda.
A assessora acrescenta que Marielle não tinha se indisposto com ninguém na época. “Ela não teve um problema específico que pudesse ter engatilhado uma situação que culminasse com o assassinato dela”, afirmou.
Presença incômoda
Segundo Fernanda, Marielle despertava ódio nos machistas e nos racistas. “Tinha alguns vereadores que se incomodavam com a presença dela, uma mulher favelada, negra, lésbica, naquele espaço”, lembra a assessora.
“Tinha gente que não gostava de entrar num elevador com a Marielle ou com parte da assessoria dela”, destaca.
G1