As “fakes news” podem mudar o rumo das Eleições deste ano no Brasil e a inovação como antídoto pós-crise do jornalismo. Esses foram os principais pontos levantados durante a mesa redonda “Jornalismo e Inovação”, no segundo dia de Campus Festival 2018, que aconteceu na quinta-feira (17). O bate-papo contou com a presença dos jornalistas Bruno Sakaue e Laerte Cerqueira, da TV Cabo Branco, e o apresentador Heron Cid, com mediação de Andreia Barros.
Na saudação – com panoramas sobre o tema – Bruno Sakaue abriu o bate-papo falando sobre os desafios dos novos meios e das novas formas de informar e disseminar a informação. Em seguida Laerte Cerqueira destacou a importância de estar debatendo a inovação e não mais a crise do jornalismo. Por fim, Heron Cid expôs que é preciso uma inovação também na produção jornalística.
“A gente milita nessa área há algum tempo, mas poucas vezes para e analisa o que estamos fazendo, para onde estamos indo, no que estamos errando. Num determinado momento ligamos o piloto automático, no bom sentido”, declarou inicialmente Sakaue.
Já Laerte Cerqueira pontuou a importância do tema por outra perspectiva: a de falar da inovação e não da crise do jornalismo. “Como é bom discutir a inovação e as perspectivas do jornalismo, e não a crise. Até porque tenho minhas reticência sobre essa crise. Acho que o jornalismo como instituição social legitimada pela sociedade não está em crise”, destacou o jornalista.
Para Heron, talvez o jornalismo nunca foi tão atacado na história como nos últimos tempos. Um outro patamar da notícia veio com as plataformas digitais, já que o que mudou, segundo ele, tenha sido o retorno dos leitores. “Que bom que o jornalismo é alvo desse olhar da sociedade. O que mudou muito foi a crítica, a cobrança, que a sociedade faz sobre o conteúdo que consome. E nós também precisamos fazer algumas autocríticas”, disse o comunicador.
Fake news nas Eleições 2018
Processo apontado como imprescindível para angariar votos nas eleições presidenciais de países como Estados Unidos e Argentina, as “fakes news” (notícias falsas) foi ponto destacado pelos integrantes do Campus Talks. Os jornalistas acreditam que as notícias mentirosas têm forte poder de disseminação – mais até do que uma boa notícia verdadeira – e que podem mudar os rumos naturais da eleições presidenciais e também para o Governo do Estado.
Conforme Laerte Cerqueira, as pessoas não estão preocupadas em confirmar e apurar as informações, além de muitos jornalistas também não estarem preocupados em apurar, compartilhar informação verdadeira ou contestar fontes. “Também tem a história das pessoas estarem muito mais apegadas às suas paixões, do que realmente aos fatos. Acho que vai afetar sim [as eleições], é muito ruim saber disso”, afirmou.
Entretanto, para o jornalista, por outro lado, as empresas convencionais e as novas plataformas vão cumprir seu papel bem de se reafirmarem como boas fontes de informação. “A informação de qualidade não tem a capacidade de se proliferar como uma mentirosa ou inventada, infelizmente”, concluiu Laerte.
As “fake news” também vão exercer certa influência no processo eleitoral deste ano. Essa é a visão de Heron Cid. “A previsão é que haverá muita influência, mas espero que não. Há um grande antídoto contra isso: o cuidado de saber o que está lendo, checar as informações e a fonte. As fakes news vão dar muita dor de cabeça, não que vão ser determinantes para uma eleição. As próprias campanhas vão ser alteradas por isso. Vale ressaltar ainda, que vai ser um grande desafio para a Justiça Eleitoral”, analisou.
Assessoria