A ex-assessora dos governos Ricardo Coutinho e João Azevedo, ambos do PSB, Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro, lotada na Procuradoria Geral do Estado (PGE) até a deflagração da quarta fase da Operação Calvário, quando foi detida acusada de integrar uma Organização Criminosa (Orcrim), responsável por drenar recursos públicos da saúde estadual para corrupção, teria revelado em acordo de colaboração com o Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado (MPE) que personagens de proa receberam propinas até dentro de repartição pública. A revelação foi feita pelo programa Intrometidos, edição desta segunda-feira (17), transmitido via Streaming pelo Youtube, canal da Ativa Web Group.
De acordo com o jornalista Helder Moura, que participa do programa juntamente com Marcelo José, Janildo Silva e Gilvan Freire, “comenta-se que Laura foi encarregada, por exemplo, de levar caixas de dinheiro para determinados locais públicos, sob o olhar fulgurante de alguns figurões beneficiados, tanta era a certeza da impunidade. Laura teria se comprometido, no acerto de sua delação, a fornecer informações preciosas que, até agora, ainda não eram de pleno conhecimento da força tarefa.”
Em seu blog, Helder relatou que se dependesse de alguns integrantes da força tarefa, mais prisões já haviam sido solicitadas à Justiça, há mais tempo. “E só não ocorreram ainda por conta do zelo e a prudência como o Gaeco vem trabalhando para evitar furos na operação que desbaratou o maior esquema de corrupção da Paraíba”, revela.
Confira:
Operação – A Calvário, no Estado da Paraíba, investiga núcleos de uma organização criminosa comandada por Daniel Gomes da Silva, que é responsável por desvio de recursos públicos, corrupção, lavagem de dinheiro e peculato, através de contratos firmados junto a unidades de saúde do Estado, com valores chegando a R$ 1,1 bilhão, possuindo atuação em outras unidades da federação, e exemplo do Rio de Janeiro. O trabalho investigativo do Ministério Público é conduzido pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Mudanças no governo – O governador João Azevêdo (PSB) precisou fazer mudanças no governo mais rápido do que ele esperava. Ao todo, foram seis mudanças desde a posse, cinco meses atrás. O maior motivador das mudanças foi justamente a operação Calvário, desencadeada pelo Ministério Público da Paraíba. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) investiga supostos pagamentos a agentes públicos do Estado, feitos pela Cruz Vermelha Brasileira filial Rio Grande do Sul. As mudanças ocorreram no primeiro escalão e também nos cargos de assessoramento. As primeiras ocorreram na Secretaria de Administração, primeiro com a saída do assessor Leandro Nunes Azevedo e depois com a então titular da pasta, Livânia Farias.
O cargo de Livânia foi assumido interinamente por Jacqueline Fernandes Gusmão, executiva da pasta. Tanto Livânia quanto Leandro são acusados de ter recebido dinheiro de propina pago pela Cruz Vermelha. No mesmo sentido, foram feitas mudanças na Procuradoria-Geral do Estado e na Secretaria de Planejamento e Gestão, com as saídas de Gilberto Carneiro e Waldson de Souza, respectivamente. Eles foram substituídos por Fábio Andrade e Gilmar Martins. Este último deixou o comando da Controladoria Geral do Estado e, para o lugar dele, foi nomeado Letácio Tenório Guedes Júnior. Gilmar, vale ressaltar, é um nome de confiança de João Azevêdo. Ele comandou a equipe de transição.
Houve mudança, também, na Secretaria de Saúde do Estado. De lá saiu Cláudia Veras para dar lugar a Geraldo Antônio de Medeiros. A ex-titular da Saúde passou a exercer o cargo de Secretária de Estado do Desenvolvimento e da Articulação Municipal. Mesmo não havendo denúncias contra Veras, a Saúde é área sensível por causa das investigações do Gaeco. Outra que não tem relação direta com a operação é Amanda Rodrigues, que deixou primeiro o Empreender e, no fim de semana, pediu exoneração da Secretaria de Finanças. Para o lugar dela, foi escolhido para responder na condição de interino o atual secretário Executivo da pasta, Mário Sérgio de Freitas Lins Pedrosa.
As mudanças ocorrem também em relação a alvos da operação que não exercem cargos de ponta. Trata-se dos servidores da Procuradoria-Geral do Estado, Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro e Geo Luiz de Sousa Fontes. A primeira foi presa na quarta fase da operação Calvário. Já Geo foi alvo de busca e apreensão na mesma etapa da investigação.
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