Muito ouvimos falar de promessas feitas por políticos e, principalmente, do não cumprimento das mesmas. Mas, no final da semana passada, um fato peculiar aconteceu: o jornalista e atual secretário Executivo da Comunicação do Estado, Tião Lucena, cobrou do deputado estadual e líder da oposição, Bruno Cunha Lima (PSDB), a promessa de arrancar um dedo da mão se João Azevedo fosse oficializado candidato a governador, o que está acontecendo.
Bruno, que ainda possui todos os cinco dedos da mão, por sua vez, respondeu ao jornalista colocando em cheque o seu caráter. Tião não ficou calado e publicou, no domingo (18), um artigo em seu blog contando a história e chamando o político de “o parlamentar mais improdutivo da ALPB”.
Leia o artigo:
Primeiro foi o senador Cássio Cunha Lima, agora é o seu primo Bruno Cunha Lima. O senador disse que eu lambia seu ovo,Bruno disse ontem que eu não tenho caráter e que a Paraíba me conhece.
Vamos esclarecer essa coisa de uma vez por todas.
Por que em lamberia o ovo do senador Cássio Cunha Lima? A troco de que eu me submeteria a tamanha subserviência?
Nunca recebi dele uma grama de favor. Jamais pedi um emprego para um parente ou aderente. Ele, tampouco, jamais me distinguiu com qualquer tipo de homenagem.
Ao contrário. Quando assumiu o Governo, em 2004, mandou o saudoso Vital do Rego me exonerar da chefia da Procuradoria Jurídica da então Secretaria da Cidadania e Justiça.Meu nome encabeçava a relação dos que deveriam ser exonerados. Vital do Rego é que não se submeteu a essa imposição e me manteve. A mim e aos outros integrantes da lista.
Votei nele na reeleição.Votei e trabalhei como advogado. Adelton Alves, que era coordenador jurídico da campanha, está aí para confirmar. Cuidei dos bairros do Ernani Sátyro, Funcionários II, Ernesto Geisel, José Américo e Mangabeiras. E, em pleno domingo, fui obrigado a vestir paletó e passar o dia inteiro rodando, no meu carro, pagando a gasolina com meu dinheiro.
Ele se reelegeu e não me deu nem um obrigado. Ficou na dele até ser cassado.
Depois da cassação e depois de eleito senador, com meu voto, adianto, foi impedido de assumir o mandato. Wilson Santiago usurpou seu direito e achei aquilo errado. Então abracei a bandeira da sua posse. Escrevi dezenas de artigos, briguei e lutei. E era o único a fazer isso. Os outros coleguinhas achavam mais comodo encher a bola de Santiago.
Deve ter sido aí que eu lambi os ovos do senador. Ele confundiu solidariedade com chaleirismo, com bajulação.
Quando rompeu com Ricardo, achando que seria eleito governador já no primeiro turno, chamou-me para acompanha-lo e eu não aceitei. Outros coleguinhas da imprensa, que recebiam do governo Ricardo Coutinho, abandonaram o governador. Eu fiquei. Eu, Luis Torres, Célio Alves, Fábio Bernardo e outros que agora não lembro os nomes.
Ele traiu Ricardo. Tinha mais de mil amigos empregados no governo, mas mesmo assim deixou-se vencer pela cobiça, pelo olho gordo. Eu fiquei onde estava. Fiquei prevendo a derrota, mas fiquei, porque não sou amigo de ocasião, sou pra valer, para o que der e vier,para estar ao lado do meu amigo até as últimas consequências.
Esclarecida essa parte do lambe ovo, vamos à parte do deputado Bruno.
Ele prometeu arrancar um dedo da mão se João Azevedo fosse oficializado candidato a governador.
Ontem eu perguntei se ele iria arrancar o dedo numa clínica ou em praça pública.
O deputado respondeu imitando o primo. Disse que arrancaria na mesma clínica que arrancou meu caráter.
E eu perguntei onde residia meu mau caratismo.
Será porque não acompanhei o primo traidor?
Ou será porque botei o dedo na ferida?
O deputado Bruno Cunha Lima é o parlamentar mais improdutivo da Assembleia.
Em quatro anos, apresentou 37 projetos de lei criando placas para isso e para aquilo.
E gastou mais de 1 milhão de reais em verbas de gabinete.
Você, que votou nele, recebeu alguma ajuda desse deputado, teve um filho, um sobrinho ou um parente empregado no seu gabinete?
Ele gastou com que esse 1 milhão e tantos reais?
E se não arrancar o dedo, como prometeu, será apelidado de que?
Se arrancar, será mais um cotó na praça.
Se não arrancar, será mais um farofeiro a contar lorotas na imprensa.
E quem age assim, não tem caráter.
E quem não tem caráter, não tem autoridade para falar do caráter dos outros.
Da Redação Bastidores da Política