O presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, se pronunciou nesta quinta-feira, 25, pela primeira vez após a intervenção de Jair Bolsonaro na estatal – ele indicou o general da reserva Joaquim Silva e Luna para o comando da empresa, em meio a críticas à política de preços dos combustíveis, que seguem a cotação internacional do petróleo.
Ao apresentar a analistas do mercado o resultado da Petrobrás no quarto trimestre de 2020, Castello Branco disse que não há exagero de preço nos combustíveis no Brasil, embora os impostos sejam elevados. “Falo isso baseado em estatísticas com preços de 160 países. A média dos preços do País está abaixo da média global. Mesmo se corrigirmos pela renda per capita, o preços ficam ligeiramente abaixo da média global”, afirmou. “Petróleo é commodity cobrada em dólar, não tem como fugir. Se o Brasil quer ser uma economia de mercado, tem de ter preços de mercado.” Ele ainda afirmou que adotar preços abaixo do valor de mercado gera consequências negativas.
Os números de 2020, divulgados na quarta-feira, 24, mostram que a empresa teve lucro líquido de R$ 59,9 bilhões no últimos três meses do ano, um salto de 635% ante igual período de 2019, resultado muito acima do esperado por analistas e o maior para um trimestre, pelo menos, desde 2008. No acumulado do ano, a empresa conseguiu um resultado positivo, mas bem menor, de R$ 7,1 bilhões.
“A Petrobrás de hoje é melhor do que era um ano atrás”, afirmou Castello Branco. Com o resultado, a petroleira conseguiu reverter o prejuízo dos três primeiros trimestres do ano, apagando as perdas causadas pela pandemia de covid-19, que parou a economia e derrubou a demanda por petróleo.
O executivo destacou a adoção do home office por parte da companhia durante a pandemia. “O home office contribuiu não só para diminuir a contaminação pelo coronavírus, mas também contribuiu para aumentar a produtividade, não só na Petrobrás”, disse.
Na semana passada, Bolsonaro criticou o fato de Castello Branco estar trabalhando de casa por causa da covid-19 – o executivo tem mais de 60 anos e faz parte do grupo de risco da doença. “O atual presidente da Petrobrás está há 11 meses de casa, sem trabalhar. Trabalha de forma remota. O chefe tem que estar na frente, bem como seus diretores. Isso para mim é inadmissível. Descobri isso faz poucas semanas”, afirmou o presidente. “O ritmo de trabalho de muitos servidores lá está diferenciado”, completou.
Estadão