A animosidade entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e deputados da oposição levou ao encerramento, na noite desta quarta-feira (3), da audiência na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara destinada à apresentação para os parlamentares da reforma da Previdência.
(Na reunião, Guedes defendeu a reforma, dizendo que o governo gasta dez vezes mais com Previdência do que com educação. Afirmou ainda que o sistema atual está “financeiramente condenado” e é “perverso”. Também falou sobre o plano de cobrar grandes devedores. LEIA MAIS: destaques da audiência de Paulo Guedes na Câmara.)
A audiência foi encerrada após mais de seis horas de duração, depois de uma confusão que se formou quando o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) afirmou que o ministro age como “tigrão” em relação a aposentados, idosos e pessoas com deficiência, mas como “tchutchuca” em relação à “turma mais privilegiada do nosso país”.
Imediatamente, deputados começaram a cobrar decoro por parte de Zeca Dirceu. O presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), pediu aos parlamentares respeito com o ministro.
Fora do microfone, Paulo Guedes se dirigiu a Zeca Dirceu e respondeu: “Você não falte com o respeito comigo. Tchutchuca é a mãe, tchutchuca é a vó”.
Antes de encerrar a sessão, Felipe Francischini pediu a Paulo Guedes e a Zeca Dirceu que retirassem as palavras.
Ainda fora do microfone, o ministro da Economia se dirigiu a Zeca Dirceu e afirmou, apontando o dedo indicador: “Eu respeito quem me respeita. Eu respeito quem me respeita, e você não me respeita. Se você não me respeita, você não merece respeito”, afirmou.
“Infelizmente, tive de encerrar em função de alguns desencontros. No entanto, muitos oradores falaram, muitas perguntas foram feitas, o ministro respondeu a muitos questionamentos. Acredito que a reunião foi muito produtiva, mas infelizmente tive de encerrar um pouco mais cedo em virtude de algumas brigas internas ali”, afirmou Francischini.
Em meio à confusão entre Guedes e Zeca Dirceu, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) se desentendeu com Daniella Marques, assessora do Ministério da Economia.
A deputada gaúcha contou a jornalistas que tentou falar com o ministro para pedir a continuidade da audiência, mas que a assessora tentou impedir. “Não tenho como me lembrar agora se empurrou fisicamente ou não, mas meu papel de parlamentar ela impediu. Isso posso dizer com toda a certeza. Porque meu papel é falar com o chefe dela e não com ela”.
A servidora do Ministério da Economia, então, foi levada por policiais a uma sala da Polícia Legislativa da Câmara. “Ela [a servidora] assinou um termo de comparecimento aqui na delegacia e foi liberada. Se tiver uma acusação formal da deputada, aí a gente vai ouvir [a servidora] formalmente”, disse Flávio Queiroz, diretor-substituto da Coordenação de Polícia Judiciária da Polícia Legislativa. Maria do Rosário afirmou que não pretende prestar queixa.
Agência Brasil