O médico e suplente de deputado estadual, Aledson Moura, assumiu a direção estadual do partido Solidariedade na Paraíba. A mudança foi oficializada junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nessa segunda-feira (10). A ascensão do médico no partido pode ser fruto de articulação do ex-governador Ricardo Coutinho, preso na Operação Calvário, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em 2018, Aledson disputou uma das 36 vagas na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) pelo PSB, então partido de Ricardo. Ele era um dos homens fortes do Coletivo Girassol na região de Princesa Isabel, cidade onde foi vice-prefeito.
Lula e Ricardo hoje são aliados próximos do presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força, e a especulação nos bastidores da política paraibana é de a articulação para Aledson comandar o partido na Paraíba partiu de cima, por imposição de Paulinho.
Alvo da Calvário
Em 2019, Aledson teve a residência onde mora, localizada no bairro de Tambaú, em João Pessoa, visitada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), na 5ª fase da Operação Calvário, que investiga um esquema milionário de desvio de recursos públicos na Saúde.
Segundo as investigações do Gaeco, Aledson Moura, proprietário da Total Lab, teria sido indicado para participar do esquema por solicitação de Daniel Gomes, apontado como um dos chefes da organização criminosa, para realização de exames laboratoriais em hospitais no Estado da Paraíba.
Ainda segundo investigações, os pagamentos das propinas feitos por José Aledson de Sousa Moura eram realizados através do também investigado, e agora preso, Eduardo Simões Coutinho, um dos “diretores” da Organização Social IPCEP, que atuava no Hospital Metropolitano de Santa Rita, e responsável pelo recolhimento dos pagamentos e envio da quantia a Daniel Gomes.
De acordo com o Gaeco, o chefe da organização criminosa Daniel Gomes estaria incomodado com questionamentos feitos por Aledson. Em um dos encontros com Eduardo Coutinho, Daniel Gomes teria dito que “avisasse a Aledson que não queria que ele falasse em seu nome, e que tudo que Aledson quisesse conversar podia conversar direto com Eduardo Coutinho”.