Representantes da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmaram que o ex-mandatário disse nesta quarta-feira (26) a investigadores da Polícia Federal que publicou por engano em uma rede social vídeo repassado a ele que questionava a lisura das urnas eletrônicas.
O ex-presidente ainda estaria sob efeito de medicamentos quando fez a postagem, por ter sido hospitalizado.
Segundo a defesa, o ex-presidente teria recebido o vídeo e queria armazená-lo para assistir mais tarde, quando acabou postando por engano. Bolsonaro, diz a sua defesa, não teria se dado conta que realizou postagem, que acabou removida por auxiliares em seguida.
Bolsonaro foi intimado a depor à PF por ter compartilhado nas redes sociais, dois dias depois da invasão do Palácio do Planalto, um vídeo de ataques à segurança das urnas eletrônicas. A postagem foi feita dois dias depois do 8/1, e apagada pouco depois de ser tornada pública.
O ex-presidente depôs por cerca de duas horas no âmbito da investigação que apura os ataques golpistas de 8 de janeiro. O inquérito mira os autores intelectuais da investida golpista que desaguou na invasão e depredação de Palácio do Planalto, Congresso e STF (Supremo Tribunal Federal).
Ele permaneceu na sede da PF em Brasília das 8h45 às 11h20.
Ao longo de seu mandato (2019-2022), Bolsonaro acumulou declarações de cunho golpista e, ao perder as eleições, além de não reconhecer o resultado, incentivou apoiadores a permanecer em acampamentos que pediam às Forças Armadas uma intervenção federal que impedisse a posse do presidente Lula.
Segundo a coluna Mônica Bergamo, da Folha, Bolsonaro passou a tarde de terça (25) reunido com advogados e assessores para treinar as respostas que daria à Polícia Federal.
O ex-presidente retornou ao Brasil no dia 30 de março, após uma temporada de quase três meses nos Estados Unidos. Bolsonaro havia saído do país um dia antes do fim de seu mandato, interrompendo assim a tradição história de passar a faixa presidencial para o seu sucessor.
Esse foi o seu segundo depoimento à Polícia Federal após o seu retorno. O ex-mandatário já precisou dar explicações sobre o caso das joias recebidas de autoridades da Arábia Saudita.
A PF abriu quatro frentes de investigação após os ataques dos bolsonaristas acampados no QG do Exército.
Uma delas mira os possíveis autores intelectuais, e é essa frente que pode alcançar Bolsonaro. Outra tem como objetivo mapear os financiadores e responsáveis pela logística do acampamento e transporte de bolsonaristas para Brasília.
O terceiro foco da investigação da PF são os vândalos. Os investigadores querem identificar e individualizar a conduta de cada um dos envolvidos na depredação dos prédios históricos da capital federal.
A quarta linha de apuração avança sobre autoridades omissas durante o 8 de janeiro e que facilitaram a atuação dos golpistas.
Essas investigações deram origem a dez fases ostensivas da Lesa Pátria até o momento, deflagradas pela PF para avançar nas apurações.
Folha Online