A Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) realizou, na última sexta-feira (25), Sessão Especial para debater Políticas Afirmativas e Poder para o Povo Preto, proposta pelas deputadas Cida Ramos e Estela Bezerra. A sessão aconteceu de formato híbrido e contou com a participação do vereador, Marcos Henriques, representando a Câmara Municipal de João Pessoa.
De acordo com as deputadas, o tema do debate é motivado pela história de racismo, intolerância racial e pelo extermínio da juventude negra e periférica. A deputada Cida Ramos ressaltou qque 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, é nacionalmente o dia da resistência e de denúncia contra o racismo no Brasil e na Paraíba.
“Somamo-nos a vozes negras do Movimento Negro Unificado em todo o território paraibano para lutarmos por políticas afirmativas e poder para o povo preto. Essa talvez seja uma das mais importantes sessões que já realizamos na Assembleia. Não estamos aqui apenas para discutir desigualdades, injustiça social, extermínio e resistência, estamos aqui organizados discutindo uma formação social de um país”, analisou a deputada.
Coautora da Sessão Especial, a deputada Estela Bezerra declarou que é preciso manter a luta em busca do estabelecimento e do reestabelecimento do poder para o povo preto, que a parlamentar classifica com essencial na construção da identidade do país. “A ausência da política do Estado e expressões cotidianas que reestabelece a escravidão. Nossa luta é contrária a esse escravismo que ainda caracteriza o nosso cotidiano. Nossa luta é contínua por liberdade”, disse.
Já o vereador Marcos Henriques alertou para a necessidade de lutar por modificações estruturais que tornem igualitário o acesso à saúde, educação e justiça por parte de toda a população. “Nas manifestações atuais, você não encontra negros e pobres. Pelo contrário. Você encontra pessoas dizendo que pobre não sabe votar. E eu digo a vocês: o pobre sabe votar, sim. Ele reconhece aquele que prega a igualdade social. O que observamos, hoje, é que muitos se fixaram na retórica do ódio e do preconceito para serem ouvidos. Por isso, precisamos usar este mês para arregaçar as mangas e acabar com qualquer tipo de preconceito e discurso de ódio”, defendeu.
Para o representante do Instituto de Mobilização e Ação Negra da Paraíba, Gilvando Santos, ainda é preciso avançar muito nas questões de igualdade racial e social no país. “Estamos aqui para reivindicar os espaços que foram negados a vida inteira. O espaço no mercado de trabalho, nas repartições públicas que vêm minando as aspirações da atual juventude negra e do povo, de um modo geral. Precisamos, também, fazer parte dos espaços cultural, social, político e, sobretudo, participar, também, da construção dos espaços de poder”, detalhou.
A representante das Comunidades Tradicionais de Terreiro, Mãe Renilda, agradeceu ao Poder Legislativo pela realização da discussão e pela abertura do espaço para debater políticas públicas, poder para o povo preto e enfrentamento à intolerância religiosa. “Meu povo de religião de matriz africana, meu povo preto não precisa de esmola e nem assistencialismo, eles precisam de políticas públicas inclusivas. A intolerância contra religiões de matriz africana é algo muito sério. É grave o fato de nós sermos excluídos das campanhas eleitorais. Alguns candidatos não nos querem perto porque têm medo de perderem voto. Peço aos parlamentares que consigamos trabalhar para conquistar”, denunciou Mãe Renilda.
Também participaram da sessão a secretária de Combate ao Racismo do Partido dos Trabalhadores na Paraíba, Socorro Pimentel; a representante da UEPB e ativista, Terlúcia Silva; a representante da Gerência Executiva de Equidade Racial da Secretaria de Estado da Diversidade Humana, Leandra Cardoso; a representante do Grupo Capoeira Angola Palmares e Fórum de Capoeira de João Pessoa, Mestra Malu; e o representante da Marcha Unificada da Paraíba, Marcos Pereira.