Na manhã desta quarta-feira (15), a Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) debateu o ‘Novo Ensino Médio’, que está sendo implantado nas escolas a partir deste ano. A audiência pública foi solicitada pelo presidente da Comissão de Políticas Públicas (CPP) da Casa, Marcílio do HBE (Patriota). Com a modificação, as disciplinas passarão a ser áreas do conhecimento, como é feito na divisão do Enem. As áreas vão abordar todas as matérias trabalhadas atualmente em sala de aula e nenhuma sairá da grade, mas os conteúdos serão ministrados de forma interdisciplinar. A vereadora Eliza Virgínia (PP), presidente da Frente Parlamentar da Educação da CMJP, secretariou o início da audiência.
“A implantação do novo ensino médio tem início na Paraíba em 2022, assim como em todo o país. Portanto, com base nessas mudanças, faz-se necessário discutir com o segmento educacional o futuro da educação em nossa cidade e o cumprimento dessas mudanças no âmbito público e privado”, justificou o propositor da discussão
De acordo com a reforma o ‘Novo Ensino Médio’ deve focar no projeto de vida, preparação mais efetiva para o mundo do trabalho e no aprofundamento das capacidades e habilidades individuais dos alunos. O projeto vale para as redes pública e privada de ensino, e prevê o aumento progressivo da carga horária com a organização curricular estruturada em uma formação geral básica, pautada nos direitos e objetivos de aprendizagem.
O professor de História e auxiliar em Gestão Escolar Rodrigo Mateus fez uma breve explanação sobre os principais pontos estruturais do ‘Novo Ensino Médio’, com base na grade comum curricular desse novo ensino, que tem como fundamento o lema: “Está em jogo a recriação da escola, que embora não possa por si só resolver as desigualdades sociais, pode ampliar as condições de inclusão social ao possibilitar o acesso à ciência, à tecnologia, à cultura e ao trabalho”.
Rodrigo Mateus apresentou os desafios para consecução da reforma pretendida, tais como a lacunas na alfabetização verificadas no processo de aprendizagem dos primeiros anos escolares e a defasagem nos conteúdos observada nos últimos anos, mas que na atual conjuntura, após o isolamento social causado pela pandemia do novo corona vírus, estão equivalentes em todos os níveis do processo educacional. De acordo com ele, ainda existem outros agravantes relacionados diretamente ao comportamento dos alunos que são a incapacidade de foco, a inquietação física, o comportamento antissocial, a agressividade, o desânimo e a ansiedade.
“Com essa nova reforma se faz necessário pensar na formação e capacitação dos professores para se adequarem ao novo ensino. Nossas escolas seguiram os ciclos econômicos do país com semelhanças a uma fábrica, com apitos e filas em sua estrutura. Estamos vivendo outro momento em que as tecnologias estão muito mais presentes no nosso cotidiano, com os metaversos, mundo digital e redes sociais”, destacou o professor que ainda acrescentou: “Três são os objetivos do novo ensino médio: fazer com que o aluno consiga criar o seu projeto de vida; fazer com que o aluno entre na universidade e, por fim, fazer com que ele ingresse no mercado de trabalho.”
Rodrigo enfatizou que o novo ensino estará baseado em duas estruturas: uma chamada de componentes curriculares, para formação curricular básica, que devem ser compostos por trabalhos, ações e desafios que componham a carga horária, para uma formação geral básica que todos os alunos poderão estudar; e a outra chamada de itinerários formativos construídos por unidades curriculares escolhidas pelo aluno para complementar seu currículo e para que ele saiba do porque está estudando determinado assunto.
Já o professor Tomás Pessoa destacou a necessidade de a reforma ter foco na formação dos professores para que eles possam contribuir da melhor maneira possível com as transformações. “O novo ensino vem para atender a demandas reais das salas de aula. Vivemos uma nova realidade em que as pessoas lidam com as tecnologias de forma diferente. Os professores têm que se adequar a isso. Escrevo roteiros de aprendizagem e creio que essa possa ser uma nova formação dos professores a partir dessa reforma”, arguiu.
Os professores Amarílio Filho e Reinaldo Simões também usaram a tribuna para enfatizar que o novo ensino médio se pretende mais dinâmico e voltado para as realidades de cada aluno e região, com foco nas novas tecnologias, mas que necessita apoio do poder público e de todos os envolvidos. “Essa reforma traz em seu bojo os itinerários formativos que demandam um grande preparo e lastro dos professores e das unidades de ensino. Não dará certo se não houver o envolvimento de todos”, argumentou Reinaldo Simões.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino Privado da Paraíba (Sinepe-PB), professor Odésio Medeiros, destacou a necessidade de os profissionais da Educação abrirem a mente para as novas transformações. “A educação é dinâmica e cresce a cada dia. Depois de dois anos de pandemia surge um novo horizonte com um futuro mais promissor”, refletiu.