Está marcada para esta terça-feira (17) uma reunião em que o presidente do PSDB, Bruno Araújo, tentará convencer o partido a desistir da pré-candidatura de João Doria e apoiar a pré-candidata do MDB, Simone Tebet.
Os dois são os únicos nomes da terceira via que ainda restam na disputa. Nesta segunda-feira (16), Tebet disse que respeitará a decisão do grupo para apontar o indicado que concorrerá ao Palácio do Planalto.
“Aceitei as regras e vou aceitar o resultado na quarta feira seja ele qual for”, continuou.
Em abril, os partidos da terceira via haviam combinado em definir uma candidatura comum para essas eleições. O plano não deu certo e o União Brasil deixou o grupo. Para chegar ao nome do candidato, MDB, Cidadania e PSDB encomendaram então uma pesquisa com 2 mil entrevista em 23 estados para definir quem vai encabeçar a chapa e quem ocupará a vice dessa candidatura única. O resultado será anunciado na próxima quarta-feira (18).
Como a rejeição à Doria é alta, a aposta é de que Tebet seja a escolhida. O tucano sabe disso e se antecipou ao resultado divulgando uma carta em que chama de tentativa de “golpe” a realização do levantamento e e a tentativa de barrar seu nome, dizendo que o resultado das prévias se sobrepõem às demais deliberações partidárias.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso apoiou o ex governador de São Paulo. Pelas redes sociais, escreveu que o resultado das prévias deve ser respeitado.
O presidente nacional da Cidadania, Roberto Freire, respondeu a FHC, afirmando que durante os diálogos da terceira via as prévias do PSDB sempre foram acatadas e que Doria era do candidato do partido, já o da unidade poderá ser ou não.
Já o deputado federal Aécio Neves, uma das principais lideranças tucanas, defendeu a manutenção da candidatura de Doria, mesmo que isso leve o partido à derrota nas urnas.
“Busca-se tirar o Doria de uma forma tao falsa que beira o ridículo”, expôs Aécio. “Eu acho Doria será um candidato que, se for até o final, vai levar o PSDB a uma grande derrota. Mas ele venceu as prévias”.
“O que eu tenho condenado de forma muito clara é mais uma vez uma via transversa é a falta de coragem de lideranças do PSDB para solucionar um problema que foi criado por essas forças políticas”, disse Aécio.
Doria já deixou claro que não vai aceitar o resultado da pesquisa. Caso o levantamento encomendado pelos partidos aponte que o melhor nome para disputar a Presidência seja o de Tebet, a tendência é de haja a judicialização do processo. Aliados do ex-governador pretendem recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para fazer valer o resultado das prévias do PSDB, garantindo assim que Doria concorra ao cargo.
O advogado do pré-candidato, Arthur Rollo, confirmou a possibilidade de desdobramentos judiciais na questão caso a candidatura seja barrada.
“Se não estão respeitando a vontade manifestada pelo partido então é sim um golpe, não tem como chamar de outro nome”, proclamou Rollo. “Se não respeitarem [o resultado das prévias}, aí possivelmente terão desdobramentos judiciais. Não é o que a gente quer. A gente quer o respeito à vontade da maioria, respeito à democracia partidária e ao estatuto do Partido que diz que as prévias devem ser homologadas na convenção nacional.”
A carta de Doria é o último sinal da implosão do bloco que tentou se articular como uma alternativa à polarização entre Luiz Inácio Lula da SIlva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). O debate agora irá se centrar no campo jurídico. A avaliação na direção do PSDB é que o documento demonstra que Doria não desistirá da disputa, o que pode dificultar qualquer acordo ou uma tomada de decisão pelo partido.
Para o Renato Ribeiro de Almeida, especialista em direito eleitoral, “hoje, o estatuto do PSDB ele prevê que a prévia é soberana, até porque prevê um debate maior que a convenção, com todo o partido e toda a antecedência que isso envolve. Então nós temos uma decisão hoje que, sendo judicializada, é difícil prever qual será a resposta.”
“Isso nunca foi levado para a Justiça Eleitoral, e eu imagino que ela não tenha ainda uma decisão formada. Embora tenha uma tendência a ter razão o João Doria, devido ao estatuto”, finalizou.
CNN Brasil