Os casos de coinfecção costumam aparecer quando o paciente que apresenta sintomas é submetido a um teste do tipo painel viral — no qual uma amostra é analisada para vários tipos de vírus ao mesmo tempo. Esses testes normalmente são feitos em laboratórios privados. No cenário de pandemia de Covid-19, os laboratórios públicos estão priorizando a realização de testes para identificar o coronavírus.
A falta de estudos científicos sobre o impacto da coinfecção, não possibilita ainda dizer se um paciente acometido por ambos os vírus pode apresentar um quadro de saúde pior.
— Sabemos que os dois vírus podem infectar, inclusive, a mesma célula. Mas como ainda não temos estudos comparando coinfectados com aqueles que foram infectados com apenas um dos dois vírus, não podemos dizer se o prognóstico é melhor ou pior — afirma Raskin.
O especialista acredita que mais para frente surgirão estudos que respondam os questionamentos sobre as consequências da coinfecção. Principalmente agora em que os casos de influenza voltaram a aumentar, principalmente no Brasil, após o relaxamento das restrições impostas por conta do coronavírus. Raskin destaca que o Sars-CoV-2 é um vírus relativamente novo — foi descoberto há dois anos — e o influenza se manteve controlado entre 2020 e grande parte de 2021, já que as estratégias para combatê-lo são semelhantes a do coronavírus (como uso de máscaras, distancimento social, melhor ventilação do ambiente e higienização frequente das mãos).
— Os poucos casos de influenza e o surgimento recente do novo coronavírus ainda não possibilitaram grandes estudos sobre a coinfecção dos dois — esclarece o médico.
Possibilidade de recombinação
O geneticista afirma que a possibilidade de recombinação — a formação de um novo vírus combinando material genético de ambos — entre o coronavírus e o influenza é extremamente raro e ainda não foi notificado na literatura médica.
— A recombinação não é incomum nos coronavírus (outros, antes do que causa a Covid-19), nem nos vírus da influenza. No entanto, é muito raro que eles se juntem (façam uma recombinação de um com o outro). Numa rápida pesquisa, não encontrei nenhum relato no mundo sobre isso — diz Raskin.
O médico orienta que as pessoas continuem praticando medidas que ajudam a mitigar a transmissão de ambas as doenças, como o uso de máscaras, o distanciamento social, a higienização frequente das mãos e a preferência por ambientes ventilados. Raskin reforça a importância de se vacinar contra os dois vírus — que possuem imunizantes próprios.