Sem perceber que o microfone estava ligado, o deputado Igor Timo (Podemos-MG) xingou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de “filho da puta” durante o encerramento da sessão do plenário que concluiu a votação dos destaques do novo Código Eleitoral. O episódio ocorreu na madrugada desta 5ª feira (16.set.2021).
“Já tá encerrando. Não vai deixar eu falar de novo. Quer ver que filho da puta”, disse o parlamentar do Podemos de Minas Gerais.
Assista ao vídeo (1m12s):
Ao perceber a ofensa, Lira passou a palavra ao deputado, que para minimizar a gafe fez elogios à relatora do novo Código Eleitoral, Margarete Coelho (PP-PI) e ao próprio presidente da Câmara:
“Eu gostaria de aproveitar a oportunidade, presidente, para parabenizar a deputada Margarete pelo belíssimo trabalho, que demonstra ser a qualidade da mulher brasileira, mostrando que o lugar de mulher é onde ela quiser.”
Novo Código Eleitoral
O texto-base foi aprovado na semana passada. O que faltava era a votação dos destaques –trechos analisados separadamente–, agora finalizada.
A proposta compila regras eleitorais em vigor e também faz mudanças importantes. Por exemplo: censura pesquisas eleitorais a partir da véspera da eleição, muda a prestação de contas dos partidos, protege propaganda política em igrejas e ressuscita a propaganda partidária na TV.
O texto-base continha restrição para integrantes do Ministério Público, do Judiciário, policiais e militares disputarem as eleições: seria necessário deixar o cargo ao menos 5 anos antes do pleito.
Na última semana, o trecho foi retirado em votação separada por margem estreita. O resultado foi interpretado como uma bobeada de Lira.
O presidente da Câmara, porém, costurou uma manobra para restituir mecanismo semelhante. A diferença é que o prazo seria de 4 anos. A quarentena valerá a partir de 2026, na versão aprovada.
Operação política similar foi realizada por Eduardo Cunha (MDB-RJ) quando presidia a Câmara em 2015. Ele colocou em votação alterações nas regras eleitorais e uma redução na maioridade penal que já haviam sido rejeitadas em votação anterior.
O trecho com a quarentena ficou com parágrafos distintos para cada perfil de categoria. Isso significa que Jair Bolsonaro poderá vetar a quarentena para militares e policiais e manter para integrantes do MP e do Judiciário, por exemplo.
A participação política de integrantes do Judiciário e do Ministério Público tornou-se um assunto discutido depois da operação Lava Jato, que atingiu integrantes do Centrão e dos governos petistas.
A eleição de militares e policiais passou a ser mais debatida no governo de Jair Bolsonaro.
O maior símbolo da Lava Jato, o ex-juiz Sergio Moro, é citado como possível candidato a presidente no ano que vem. Ele, porém, não seria afetado por esse dispositivo, que só valeria a partir de 2026.
Poder 360