Ainda sem solução para o impasse dos precatórios, que vão ocupar o espaço fiscal para a ampliação do Bolsa Família no orçamento de 2022, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ressaltou que o governo segue apostando na resolução via Legislativo, onde há uma proposta de Emenda à Constituição (PEC) em tramitação, e pelo Judiciário, em um acordo costurado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. Fux “brincou” que o ministro estava colocando em seu colo um filho que não era seu.
— Paulo Guedes é tão amigos que coloca no meu colo um filho que não é meu — comentou Fux, aos risos, depois de ressaltar o compromisso do Judiciário com a solução dod grandes problemas nacionais.
Fux avaliava a possibilidade de criação de um subteto para os precatórios por meio de uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mas a solução esfriou diante da escalada da crise institucional entre os poderes.
Guedes entrou na brincadeira, mas justificou o pedido de intermediação:
— Meu pedido de socorro, muito mais do que qualquer outra coisa, ao presidente do Supremo é só um pedido desesperado de socorro, de forma alguma depositar um filho ou a responsabilidade no seu colo. É só que quando a gente está desesperado, a gente corre pedindo proteção aos presidentes dos poderes, na plena confiança do amor ao Brasil de todos eles, capacidade intelectual e política.
Os dois ministros participaram do evento Pessoas em Movimento: Diálogos para um Melhor Estado, promovido pelo Movimento Pessoas à Frente na manhã desta quarta-feira.
A elevação dos gastos com precatórios virou um dilema para o governo, com reflexos sobre o Orçamento para 2022. A despesa, que neste ano foi de R$ 54,7 bilhões, vai subir para quase R$ 90 bilhões, tirando espaço fiscal para outras ações, como a ampliação do Bolsa Família, vitrine eleitoral do presidente Jair Bolsonaro.
Alguns parlamentares vêm defendendo uma solução extra-teto para os precatórios, o que desagrada o ministro da Economia. O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo, já falava disso quando a equipe econômica entregou a proposta de emenda à Constituição. Na última semana, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), informou que coletava assinaturas para sugerir uma PEC que retira os precatórios do teto de gastos.
O Globo