O presidente do Haiti, Jovenel Moïse, foi assassinado durante a madrugada desta quarta-feira, disse o primeiro-ministro interino do país, Claude Joseph, em um comunicado. Um grupo de homens armados teria invadido a residência oficial no bairro de Pelerin, em Porto Príncipe, atirando no presidente e na primeira-dama, Martine, que foi internada.
Joseph disse que está no comando do país e pediu calma à população após o ato “desumano e bárbaro”, afirmando que a polícia e o Exército já tem o controle da situação. O incidente, contudo, acentua ainda mais a grave instabilidade política que piorou há seis meses, quando Moïse decidiu se manter no poder, alegando que o seu mandato de cinco anos acabaria apenas em 2022, e remarcando as eleições legislativas para setembro.
A violência no país, de acordo com as Nações Unidas, atingiu “níveis sem precendentes”, em meio ao vazio político: na semana passada, em um ataque coordenado, pelo menos 20 pessoas, entre elas importantes figuras da oposição, foram mortas em Porto Príncipe. Agravando ainda mais a situação, o país não vacinou até agora nenhum de seus 11,26 milhões de habitantes contra a Covid-19.
Contexto: Após dois meses de instabilidade política, Haiti vive aumento da atividade de gangues e sequestros
O descontrole nas ruas deslocou, desde o início de junho, pelo menos 17 mil pessoas, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e causou a morte de dezenas de civis.
Um relatório do Unicef (Fundo da ONU para a Infância) publicado há duas semanas estima que existam hoje 95 gangues armadas que controlam grandes territórios da capital, ou cerca de um terço de Porto Príncipe. “Essas gangues estão cada vez mais envolvidas em batalhas armadas pelo controle do território, afetando a vida de cerca de 1,5 milhão de pessoas”, afirma o documento.
O Globo