O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), recebeu mensagens de apoio e elogios ao assumir sua homossexualidade, na noite desta quinta-feira. O político gaúcho é o primeiro presidenciável a admitir publicamente ser gay. Ele vai disputar as prévias do PSDB para a candidatura à Presidência, em novembro. A informação foi dada no programa Conversa com Bial que vai ao ar nesta madrugada, como antecipado pela colunista do GLOBO Patricia Kogut.
— Nesse Brasil, com pouca integridade, nesse momento, a gente precisa debater o que se é, para que fique claro e não se tenha nada a esconder. Eu sou gay, e sou um governador gay. Não sou um gay governador, tanto quanto Obama nos Estados Unidos não foi um negro presidente, foi um presidente negro, e tenho orgulho disso — afirmou.
Leite recebeu centenas de mensagens de apoio assim que sua homossexualidade foi divulgada. O nome do governador chegou em poucos minutos aos trending topics do Twitter e consta como terceiro assunto mais comentado na rede social.
Presidente nacional do PSDB, o ex-ministro Bruno Araújo parabenizou Leite: “Atitude corajosa e passa a focar na pauta que interessa aos brasileiros: Cuidar da qualidade de vida das pessoas. Aumentou meu respeito por ele”.
O governador de São Paulo, João Doria, escreveu no Twitter: “Admiração e respeito ao meu amigo Eduardo Leite”.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), escreveu: “Muito orgulho de ser amigo desse cara”.
O deputado Aécio Neves também ressaltou a “coragem” de Leite e lembrou casos de discriminação:
“Como o próprio governador disse: essa deveria ser uma não-questão. Mas, infelizmente, ainda vivemos em um país em que orientação sexual é alvo de discriminação, preconceitos vários e, pior, de violência que leva até à morte. Assim, importante que se discuta abertamente essa questão. O governador, que sempre teve meu respeito, demonstrou publicamente o que sempre vi nele: coragem. O que só aumentou minha admiração.”
O ex-governador de São Paulo, José Serra, também manifestou apoio ao colega de partido:
O senador Alessandro Vieira (Cidadania) parabenizou o governador pela coragem:
“Parabéns para Eduardo Leite pela coragem. A sociedade só avança em cada momento histórico inspirada pelo exemplo. Que outros exemplos venham, de união, respeito e democracia!”
Também gay, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) ressaltou a dificuldade de tomar a atitude de falar sobre a orientação sexual em público. “Sei a dor que é a prisão do armário, sobretudo num ambiente conservador como a Política, e cada um deve descobrir seu momento certo para esse gesto. Seja feliz e siga seu ótimo trabalho: a vida será mais leve!”, escreveu no Twitter.
A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) também parabenizou o governador gaúcho. Ela escreveu que “tem que ter coragem para assumir abertamente sua orientação sexual em um estado conservador como o nosso. Esperamos que essa atitude seja um passo adiante na construção de políticas públicas pelos direitos LGBTI+”
O presidente do Cidadania, Roberto Freire, classificou o gesto de Eduardo Leite como corajoso. “Recebemos, os democratas, como um alento e um sinal de compromisso com a verdade e com os valores do humanismo que nos unem, da esquerda à direita liberal”.
“Sexualidade não deveria ser uma questão político-eleitoral. Infelizmente, como Bolsonaro vira-e-mexe nos mostra, ela é. Por isso, cumprimento o governador Eduardo Leite pela coragem em se assumir. Um momento importante da política brasileira”, escreveu um usuário do Twitter.
Um outro perfil destacou que a política brasileira é heteronormativa e machista e, por isso, é importante que Leite fale abertamente sobre sua orientação sexual. “Que tenhamos cada vez mais LGBTs ocupando espaços políticos!”, acrescentou .
Outros ressaltaram que apesar das diferenças políticas com o governador, devem admitir que o gesto dele foi corajoso. “Eu tenho muitas críticas ao Eduardo Leite, mas não posso deixar de reconhecer seu acerto e sua coragem quando ele faz algo dessa magnitude em um estado preconceituoso como o nosso. Parabéns, governador”, diz uma postagem.
Leite assumiu publicamente a homossexualidade na semana em que é celebrado o Dia do Orgulho LGBTQIA+.
Com uma base política que pavimentou o caminho para reformas previdenciária e administrativa em âmbito estadual, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), carrega uma agenda liberal que fez com que seu nome passasse a circular nacionalmente como uma alternativa de centro.
Embora desconverse sobre o status de presidenciável, Leite já faz movimentos para se consolidar nas prévias do PSDB, marcadas inicialmente para outubro. A possibilidade de adiamento vem ganhando tração internamente.
Na pandemia da Covid-19, Leite ganhou maior projeção nacional pelo discurso crítico à condução do governo do presidente Jair Bolsonaro e por manter o estado, apesar da contrariedade de prefeitos, no protocolo mais rígido de funcionamento das atividades econômicas no início do ano, numa tentativa de frear a alta de casos e óbitos. A postura rendeu acenos e elogios de nomes da esquerda, como o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Na semana passada, no entanto, a mudança no sistema que norteia as restrições no estado, com o objetivo de abrir escolas, gerou uma fissura e rendeu críticas da esquerda.
Governador no Rio Grande do Sul desde 2019, Eduardo Leite é um advogado que iniciou a carreira política em 2004. Filiado ao PSDB foi prefeito de Pelotas (2013 a 2017).
Iniciou na política ainda na faculdade de Direito, quando deu início a sua primeira campanha para se tornar vereador em 2004, não sendo eleito. Quatro anos depois, em 2008 concorreu novamente a vereador da cidade, e desta vez foi eleito.
O Globo