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Coronel Euller Chaves é o primeiro nordestino a presidir o Conselho Nacional de Comandantes-Gerais das PMs

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A presidência do Conselho Nacional de Comandantes-Gerais das PMs (CNCG) é exercida pela primeira vez por um nordestino. A ascensão do chefe da polícia da Paraíba, coronel Euller Chaves, 54, é concomitante ao crescimento de conflitos entre polícias e governos na região. Há mais de dez anos como comandante-geral da PM paraibana, Euller tem perfil humanista e educador.

Em entrevista, critica o alinhamento ideológico nas polícias e defende que a instituição se dedique a buscar pacificação social.

O fato de a presidência do Conselho ser exercida pela primeira vez por um nordestino guarda relação com os conflitos das polícias na região?

Nossa eleição foi por unanimidade, nos dois momentos. Temos mais de dez anos no comando da PM da PB, é um período importante para o contexto nacional. Sou o decano do Conselho. Talvez esse aspecto tenha sido importante no contexto, mas, como somos conselho, buscamos ouvir todos.

O Conselho fez alguma proposta de Lei Orgânica da PM ao Congresso?

É uma vontade histórica, desde o início de 2000, a concepção de uma lei orgânica nacional que nos dê identidade. O conselho fez uma proposta no ano passado. Algumas pessoas fizeram outras. A nossa está ligada ao respeito à autoridade constituída, à constituição estadual, à leitura de que somos instituição de Estado. Entregamos ao deputado Capitão Augusto e ao ministro da Justiça na época, André Mendonça.

A proposta em discussão no Congresso tira poderes de governadores sobre as polícias. Institui, por exemplo, lista tríplice, eleição interna e mandato para comandante-geral.

Eu falo da proposta do Conselho. Nossa leitura é a de vinculação, de subordinação direta aos comandantes-em-chefe das polícias e dos bombeiros, que são os governadores. Em momento nenhum desvinculamos. A proposta de escolha por eleição não é nossa. Buscamos fortalecer a autoridade dos governadores e a concepção da instituição de Estado pautada na leitura da democracia.

Por que considera eleição e mandato de comandante-geral negativo?

Porque pode politizar instituições de Estado, de um ponto de vista que não seja, talvez, o mais justo e o mais adequado para o exercício daquela função. Colocar uma votação para comandante-geral e fazer um mandato. Desconheço dentro da concepção do militarismo. A maioria do conselho achou inconveniente para o momento que estamos vivendo. Vai vencer o mais justo, o melhor, o mais disciplinador ou o mais agradável?

Há riscos de novos motins nos Estados?

Não temos sinais nesse sentido. O momento tem exigido muito das PMs e do Corpo de Bombeiros. Além de cuidar da criminalidade violenta, que já é pandêmica, estamos cuidando também de uma pandemia. Estamos fazendo com que as pessoas se conscientizem e se protejam. Perdemos companheiros. Já são mais de mil PMs e bombeiros que se foram por causa dessa pandemia.

A politização das tropas e dessas associações é algo que o preocupa?

Sempre preocupou. Temos sinais pretéritos que recomendam olhar diferenciado para algumas das associações. Não quero generalizar. Por isso, dizemos aqui aos comandantes: cuidem dos seus comandados como filhos, porque se não cuidarmos alguém vai tentar cuidar. E cuidar às vezes não é para o lado bom.

A polarização política e as crises têm tornado mais difícil cuidar dos comandados?

Lá atrás já falávamos do papel do militar como pacificador social. A gente tem que conceber esse papel. Passamos isso nos bancos escolares, diariamente, mas as pessoas são pessoas. As escolhas precisam ser legais. O trabalho das instituições militares do Brasil é a legalidade, o respeito à autoridade constituída dos governadores de Estados.

Que juízo o senhor tem sobre a influência do presidente Bolsonaro e dos aliados dele sobre as polícias dos Estados?

O presidente é uma autoridade constituída. A influência nas pessoas vai haver, mas sempre buscamos a linha da pacificação social e a concepção de que somos instituições de Estado. Tenho conversado com os comandantes e nossa missão é pacificar. Tenho dito aos meus comandantes e conversado com comandantes-gerais que nosso papel é pacificar. Não devemos estabelecer linha ideológica de A, B ou C. Precisamos buscar a compreensão dos lados, que podem ser dois, três ou quatro, e buscar a nossa missão, que é a manutenção da ordem pública e cumprir nosso dever constitucional.

 

Estadão

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