A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) se reunirá na próxima terça-feira (29), a partir das 9h, para definir o valor do reajuste das bandeiras tarifárias. A cobrança extra na conta de luz acontece quando o custo de produção de energia aumenta.
O reajuste a ser definido pela Aneel entrará em vigor a partir de julho, quando será aplicada a bandeira tarifária na cor vermelha patamar 2, taxa mais elevada do sistema.
Segundo a Aneel, os níveis dos reservatórios estão “consideravelmente baixos”, e a perspectiva é “desfavorável”.
O cenário, acrescenta a agência, “sinaliza horizonte com reduzida capacidade de produção hidrelétrica e elevada necessidade de acionamento de recursos termelétricos”. A energia produzida pelas usinas termelétricas é mais cara se comparada com a das usinas hidrelétricas.
Atualmente, o sistema de bandeiras tarifárias funciona da seguinte maneira:
Bandeiras tarifárias — Foto: Juliane Monteiro/Arte G1
Aumento pode passar de 20%
Segundo o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, a bandeira vermelha patamar 2 terá reajuste superior a 20%. Com isso, deverá passar dos atuais R$ 6,24 cobrados a mais a cada 100 quilowatts/hora consumidos (kWh) para mais de R$ 7,50.
A bandeira vermelha 1 e a amarela também devem ser reajustadas, mas o aumento ainda não foi informado. A bandeira verde continuará sem cobrança adicional.
Aneel mantém a bandeira tarifária vermelha patamar dois – a mais cara
Impacto na conta de luz
O reajuste a ser anunciado pela Aneel na próxima terça-feira é sobre as bandeiras tarifárias, não sobre o valor total da conta de luz. Mas o aumento do valor das bandeiras, por consequência, gera impacto na conta de luz.
André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), explicou ao G1 que, quando é aplicado reajuste médio de 15% na bandeira tarifária, o impacto médio na conta de luz é de 5%.
Inflação
Além do impacto na conta de luz, o reajuste nas bandeiras tarifárias gera impacto na inflação. Segundo André Braz, esse aumento médio de 5% na conta de luz aumenta, em média, em 0,2 ponto percentual a inflação.
O pesquisador acredita que a inflação pode terminar o ano em 6,7%, muito acima do teto da meta de 5,25% para este ano. Além do preço da energia, as commodities e a falta de insumos estão entre os motivos para a disparada do índice.
“A alta da bandeira tarifária tem um efeito direto na conta de luz e indireto na economia. Ela se espalha por outros segmentos da economia que utilizam energia, como a indústria, e isso vai ser repassado para o consumidor [o que leva à alta na inflação]”, explica Braz.
G1