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CPI da Covid mira no ‘gabinete paralelo’ com depoimento de Nise Yamaguchi nesta terça-feira

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A CPI da Covid pretende avançar no depoimento desta terça-feira da oncologista e imunologista Nise Yamaguchi, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, sobre o que tem sido chamado de “gabinete paralelo”, grupo de fora do Ministério da Saúde que teria se reunido no governo e tido voz ativa na tomada de decisões do presidente Jair Bolsonaro para o enfrentamento à pandemia.

Yamaguchi é defensora do chamado “tratamento precoce” com medicamentos como a cloroquina, droga comprovadamente ineficaz contra a doença. Ela é apontada como uma das principais conselheiras de Bolsonaro, já tendo sido cotada para assumir a Saúde por duas vezes.

Segundo o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, a médica era uma das pessoas presentes durante uma reunião em que se cogitou alterar a bula da cloroquina para incluir a recomendação no uso de combate ao Covid-19.

— Nise Yamaguchi não foi chamada na condição de especialista, mas de testemunha, para explicar essas reuniões que pareciam definir uma orientação paralela para o combate à pandemia. É importante identificar todos que participaram dessas reuniões, quem organizou e quem financiou esses encontros, bancando inclusive deslocamentos (de outras cidades para Brasília). Precisamos entender isso direito porque, aparentemente, contribuiu para a tomada de decisões equivocadas na pandemia — disse o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

— Yamaguchi participou várias vezes dessas reuniões paralelas. Vai identificar todos que participaram. A estrutura organizacional do Ministério da Saúde tinha muitas pessoas de fora, como a própria Yamaguchi, que induziu ao tratamento precoce. Mas quanto a essa questão da cloroquina, o próprio Bolsonaro já não fala mais o nome. Toda a sociedade já sabe que não tem efeito — afirmou o senador Otto Alencar (PSD-BA).

Embasamento científico

Tanto o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), quanto o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), já afirmaram publicamente em entrevistas que há provas que confirmam a existência do “gabinete paralelo”.

Em entrevistas, Yamaguchi mencionou suposta proximidade com o presidente Jair Bolsonaro e interlocução com outras autoridades, como o ex-chanceler Ernesto Araújo, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e a secretária de Gestão do Trabalho e Educação no Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro — os três já depuseram à CPI da Covid.

Senadores governistas, por sua vez, esperam que a médica apresente posicionamentos científicos para embasar as defesas feitas pelo presidente Bolsonaro e outros integrantes do Executivo sobre o tratamento precoce e o uso da cloroquina.

Convocação de Carlos

O avanço sobre o tema gabinete paralelo é desejado por alguns senadores que entendem ser necessário convocar o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos) para falar sobre sua atuação no governo do pai.

Carlos participou de reuniões no Palácio do Planalto e é considerado influente nas decisões mesmo sem ter qualquer cargo. Integrantes da oposição, porém, temem que a convocação de Carlos possa soar como perseguição a Bolsonaro e vitimizá-lo.

 

O Globo

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