Dos 223 municípios paraibanos, 208 têm áreas com risco de desertificação e em, pelo menos, três deles, já há trechos com desertificação irreversível. Recente estudo realizado pelo Departamento de Geociências, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), aponta que uma das áreas que mais preocupam os estudiosos são os efeitos da desertificação, principalmente na região do Cariris paraibano.
Para o doutor em Geografia e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Bartolomeu Israel de Souza, a desertificação, isto é, a transformação e empobrecimento dos solos, a partir da redução da umidade, pode ser uma das consequências destas mudanças, a partir das modificações globais no padrão de distribuição de chuvas, provocada pelo aquecimento global. Ainda assim, não existem evidências concretas sobre isso. Independente disso, a desertificação também pode ser provocada pelo desmatamento excessivo em regiões de clima seco, provocando mudanças nos padrões microclimáticos, portanto, apresentando efeito, no máximo, em escala regional. Na Paraíba ainda não podemos afirmar, pois a nossa base de dados meteorológica ainda é pequena para fazer qualquer diagnóstico”, comentou.
Ainda de acordo com o professor da UFPB, as mudanças climáticas são alterações por longos períodos no padrão dominante do clima, em determinados momentos da Terra. Elas são caracterizadas por variações de temperatura, precipitação, nebulosidade, ventos quando consideradas em escala global a longo prazo. Elas podem ser naturais, ou seja, não dependem da ação do homem para que ocorram. Bartolomeu de Souza alerta que ao longo da história do planeta, sempre ocorreram mudanças climáticas provocadas por questões naturais, geralmente de forma gradual. Alguns exemplos de alterações naturais são os ciclos solares, a deriva dos continentes, El Niño e La Niña. Porém, existem variações cuja causa direta ou indireta vem da ação humana. A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, em inglês) entende que tais mudanças são causadas pela emissão dos gases formadores do efeito estufa, como: dióxido de carbono (CO2), emitido em processos de combustão; o metano (CH4), originado do tratamento de aterros sanitários, agropecuária, extração e refino do petróleo; o óxido nitroso (N2O) emitido em processos industriais e, por último os perfluorcarbonetos (PFC’s) utilizados na fabricação de equipamentos eletrônicos.
“Muitos cientistas defendem que as ações humanas estão provocando mudanças climáticas, particularmente a partir da I Revolução Industrial (séc. XIX), modificando os padrões atualmente dominantes de forma acelerada, quando comparado às modificações de origem natural. Consequentemente, não haveria tempo suficiente para adaptações de plantas, animais e a espécie humana a essa nova realidade, por estarem ocorrendo de forma acelerada”, opinou Bartolomeu.
“Embora tenha as características áridas, o deserto é um bioma onde seus elementos estão em equilíbrio e adaptados à falta de chuva. Na área desertificada acontece um desequilíbrio e em consequência disso, o comprometimento do solo, que se torna infértil e não consegue se recuperar”, disse.