O presidente Jair Bolsonaro afirmou na tarde desta quarta-feira que a proposta da equipe econômica para a criação do Renda Brasil não será enviada ao Congresso. Em uma cerimônia de inauguração do alto-forno da siderúrgica Usiminas, em Ipatinga, no interior de Minas Gerais, Bolsonaro disse que a proposta está suspensa e que não pode “tirar do pobre para dar para paupérrimos”.
— Discutimos a possível proposta do Renda Brasil. Ontem falei, está suspenso. Vamos voltar a conversar. A proposta que a equipe econômica apareceu para mim não será enviada ao Parlamento.
O presidente criticou a proposta de direcionar os recursos do abono salarial para o programa, que vai substituir o Bolsa Família.
— Não posso tirar de pobre para dar para paupérrimos, não podemos fazer isso aí. Como a questão do abono salarial, para quem tem até 2 salários (mínimos). Seria um 14º salário. Não podemos tirar de 12 milhões de famílias para dar para o Bolsa Família, ou Renda Brasil, seja o que for o nome deste programa.
O benefício pago a trabalhadores que recebem até dois salários mínimos é a principal fonte de financiamento proposta pela equipe econômica para o novo programa social, que irá substituir o Bolsa Família.
Segundo fontes, Bolsonaro também teria relatado ao ministro Paulo Guedes que o fim do abono sofre resistências dentro do Congresso.
O abono salarial beneficia cerca de 23,2 milhões de trabalhadores e deve custar aos cofres federais, neste ano, um total de R$ 18,3 bilhões.
Esses recursos respondem por 83% da diferença de custo estimada para o Renda Brasil em relação ao gasto atual do Bolsa Família. Estima-se que o Renda Brasil vá custar R$ 52 bilhões, enquanto o Bolsa Família custa R$ 30 bilhões por ano.
O Globo