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Ministro da Educação diz que vai retirar ‘recursos futuros’ das universidades e repassar a educação infantil

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O ministro da Educação, Abraham Weintraub, usou uma rede social para afirmar, em um vídeo, que a política de cortar a verba dedicada às universidades está em linha com o plano de governo que elegeu Jair Bolsonaro. “Os recursos futuros vão ser direcionados para cursos de graduação ou para a pré-escola, ou para a educação básica”, afirmou ele, garantindo que as matrículas e cursos universitários já abertos serão mantidos.

Sem explicar de onde vêm os dados que citou, ele comparou o custo de um universitário – R$ 30 mil anuais, com o de uma vaga em creche – R$ 3 mil reais.

“Para cada aluno de graduação que eu coloco na faculdade, eu poderia trazer dez crianças para uma creche. Crianças que geralmente são mais humildes, mais pobres, mais carentes, e que, hoje, não têm creches para elas. O que você faria no meu lugar?”, afirmou Weintraub.

Críticas aos reitores das federais

Ele também usou seu perfil para criticar de forma generalizada os reitores das universidades federais, ao falar de tolerância e pluralidade.

“Para quem conhece universidades federais, perguntar sobre tolerância ou pluralidade aos reitores (ditos) de esquerda faz tanto sentido quanto pedir sugestões sobre doces a diabéticos”, escreveu o ministro.

Diretora do centro de excelência e inovação em políticas educacionais da FGV, Claudia Costin afirmou que o Brasil só perde quando o ministro entra numa cruzada ideológica contra as universidades.

“Dizer que reitores são de esquerda, isso pra mim não quer dizer absolutamente nada. Nós precisamos prestar atenção pra não substituir uma ideologia percebida e até vocalizada durante a campanha, de que nós precisamos menos de ideologia, substituir por outra apreciando negativamente a visão de mundo dos reitores, não vai contribuir em nada para um diálogo construtivo”, afirmou ela.

“Nós temos um país a construir e a educação tem o papel decisivo pra construir um país mais desenvolvido, mais inclusivo e que possa dar condições melhores pros seus cidadãos e não ficar brigando por ideologias”, disse Claudia Costin.

Eduardo Mendonça, que é professor de direito constitucional no Centro Universitário de Brasília (Uniceub), criticou o que considera uma tentativa de controle ideológico sobre as universidades, e disse que a autonomia das universidades está garantida na constituição.

“Essa é uma garantia institucional da Constituição. Ela dá às universidades a prerrogativa de gerenciarem a propria estrutura administrativa, o proprio orçamento, definirem as suas prioridades de educação e pesquisa. Uma forma de dar concretude à liberdade científica e evitar que haja um direcionamento estatal massivo.”

Bloqueio de verbas da UnB, Ufba e UFF

A declaração do ministro Abraham Weintraub foi feita um dia depois de o MEC anunciar o bloqueio de parte do orçamento de três universidades federais. Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, Weintraub afirmou que o bloqueio partia do pretexto de que elas promovem “balbúrdia” e têm baixo desempenho acadêmico.

A decisão atingiu as universidades de Brasilia (UnB), a Federal da Bahia (Ufba) e a Federal Fluminense (UFF), mas provocou forte reação contrária dos reitores e de outras entidades.

No fim do dia, o governo mudou o tom, e afirmou que o bloqueiro seria feito de forma “isonômica” e “preventivamente” para todas as universidades e institutos federais, que valeria só para o segundo semestre e que poderia ser revisada caso o cenário econômico se torne mais favorável e a arrecadação de impostos aumente.

G1

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