Assessores do governador Ricardo Coutinho e órgãos da imprensa vinculados trataram rapidamente nesta segunda-feira de minimizar a derrota do esquema governamental em João Pessoa e Campina e de exaltar, quase sem limites, o resultado favorável a Fernando Haddad no Estado da Paraíba.
Não deixa de ter sido um resultado favorável, mas talvez não seja tanto assim, se os números forem comparados com o de outros Estados.
A votação de Fernando Haddad cresceu muito, em todos os recantos do país, do primeiro para o segundo turno, assim como também cresceu a votação de Jair Bolsonaro.
O problema para o governador Ricardo Coutinho é que os resultados de Haddad na Paraíba estão bem distantes dos apresentados em outros Estados. No distrito federal, a votação de Haddad cresceu 143,21% do primeiro para o segundo turno. No Rio de Janeiro, o crescimento foi de 112,95%. E nestes Estados os governadores eleitos são ligados a Bolsonaro. No Ceará, o crescimento do candidato petista foi de 110,8%. Em São Paulo, chegou a 88,11%. No Rio Grande do Norte, 53,22%. Na Paraíba, o crescimento de Haddad ficou apenas em 47,50%.
Em João Pessoa e Campina Grande o crescimento de Fernando Haddad pode ser considerado pífio – 20,9% e 23,07%, respectivamente -, mesmo com toda a estrutura de poder do governo engajada na campanha petista.
Além de ter perdido em João Pessoa, a cidade que é seu reduto político e onde se empenhou pessoalmente na campanha, o governador Ricardo Coutinho esteve distante de apresentar os resultados que outros governadores do Nordeste ofereceram. O presidente eleito, Jair Bolsonaro, teve seu terceiro melhor desempenho na região exatamente na Paraíba, onde obteve 35,02% da votação. Só esteve melhor em Alagoas, com 40,08%, e no Rio Grande do Norte, com 36,59% dos votos válidos.
Os governadores que entregaram melhor desempenho ao candidato Fernando Haddad foram os do Piauí (77,05% contra 22,95%), Maranhão (73,26% contra 26,74%), Bahia (72,69% contra 27,31%) e Ceará (71,11% contra 28,89%).
Vistos todos estes números, a avaliação a que se pode chegar é que, mesmo empenhando todo seu poder e prestígio, o governador Ricardo Coutinho parece que não conseguiu entregar o que prometeu ou imaginava entregar à campanha de Fernando Haddad.
Felipe Miranda
Especialista em Comunicação e Marketing Político