A candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, disse nesta terça-feira (21), quando questionada sobre o pouco tempo que terá na propaganda eleitoral de rádio e TV, que é “especialista em passar em frestras”.
Ela deu a declaração em entrevista à TV Verdes Mares, em Fortaleza. Segundo levantamento com base em estudo de analistas do banco BTG Pactual, a coligação de Marina, formada pelos partidos Rede e PV, terá 16 segundos por dia no rádio e na TV, somando os programas da tarde e da noite.
A propaganda eleitoral no rádio e na TV começará no dia 31 de agosto.
“Eu vou ter só oito segundos. Mas eu sou especialista em passar em frestas. Um pequeno buraquinho me alfabetizando aos 16 anos e graças a Deus estou aqui como professora, candidata a presidente pela terceira vez. E se o buraquinho forem esses segundos, se Deus quiser o povo brasileiro vai mostrar, nós vamos transformar isso em um portal”, afirmou a candidata.
Marina disse que o tempo de TV pequeno é uma consequência das escolhas de sua candidatura. “Coerência tem um custo”, afirmou.
Ela também falou sobre propostas para o Nordeste e o Norte. A candidata disse que, num eventual governo, vai investir no potencial turístico dos estados das duas regiões.
“A região tem grande potencial para o turismo. Infelizmente o turismo não recebe apoio necessário. Países que têm menos atrativos, belezas naturais do que Nordeste brasileiro, têm fluxo de turismo enorme. Vamos apostar no turismo de massa, no turismo focado em determinados nichos no Norte e no Nordeste”, afirmou.
Pernambuco
À tarde, Marina Silva viajou até o Recife, onde visitou o Porto Social, que é uma incubadora de ONGs e projetos sociais.
A uma plateia formada por representantes de movimentos sociais apoiados pela incubadora e militantes do seu partido, a Rede, a candidata disse ver o empreendedorismo social como “grande fonte de investimento”.
Ela defendeu a parceria do estado na criação de mais espaços de atuação para o setor e na implementação de linhas de crédito para quem quiser investir no trabalho de empreendedores sociais.
“Devemos governar não para a sociedade, mas com a sociedade, temos que ter o estado não mínimo nem máximo, mas necessário, mobilizador, que pegue o melhor das instituições que estão dando certo para colocar tudo isso a serviço de um país que seja próspero e justo. A borda está fazendo muito mais que o núcleo, que está estagnado”, afirmou.
A uma das perguntas do público sobre drogas, Marina afirmou que o “estado não pode ser oposição para o trabalho feito pelas casas de recuperação”.
“Muita gente tem feito muitas coisas boas e o estado tem que aprender a usar essas boas ideias. Centros com acompanhamento terapêutico é algo muito importante”, disse.
Marina reiterou ser contrária ao aborto e que eventual mudança na lei deve acontecer mediante plebiscito. “É um tema polêmico. Sou contrária e acho que nenhuma mulher deseja o aborto como método contraceptivo. (…) Eu não defendo o aborto e acho que, se for para ampliar para além das formas que já existem, quando há risco para a mãe, quando é caso de estupro ou quando a criança nasceria sem cérebro, que seja mediante plebiscito”.
Debate
Em entrevista à imprensa concedida em seguida, Marina comentou o embate entre ela e o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) durante o último debate entre os presidenciáveis, realizado pela RedeTV.
“Existem muitos retrocessos no Brasil, um deles é político. Daqueles que têm saudosismo do autoritarismo e da ditadura. O enfrentamento que a sociedade precisa dar ao não tem como ser resolvido em passe de mágica. Eleição não é o momento de você apresentar soluções mágicas. O problema da violência será resolvido com a implantação do SUSP [Sistema Único de Segurança Pública], o trabalho dos estados e dos municípios, formação continuada dos policiais, mas compreendendo que o problema da violência é justiça”, afirmou.
Para ela, a situação da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso, “fragiliza” o processo eleitoral. Ela ponderou que ninguém deve ser considerado acima da lei.
“Eu tenho dito que a lei deve ser observada por todos e ninguém está acima da lei. Estamos num processo eleitoral, faltando poucos dias e ainda temos uma situação que fragiliza muito o processo de decisão dos eleitores. (…) As regras devem ser iguais para todos. A Lei da Ficha Limpa diz que uma pessoa que foi condenada em segunda instância não pode participar do processo eleitoral”, ponderou.
G1