Qual a importância que o tema corrupção terá na campanha eleitoral nacional de 2022?
A resposta é que a perspectiva é muito baixa de que o tema esteja nos debates.
Existem razões concretas para a descrença. A sabedoria popular já ensina há muito que não se fala em corda na casa de enforcado. É isso.
O ex-presidente Lula vai querer evitar o tema. Pode até se apresentar como vítima e atacar o ex-juiz Sérgio Moro, acusando-o de perseguição, mas não ousará aprofundar o debate, a não ser que o PT decida fazer autocrítica de graves erros cometidos na gestão pública.
Lula escapou de condenações, mas seus ministros mais próximos, Antônio Palocci e Zé Dirceu, estão condenados por corrupção em vários processos e não existe a menor chance de anulação das condenações. Existem vários outros petistas condenados.
Somam dezenas os ex-diretores da Petrobras, além de aliados, condenados por corrupção nos governos Lula e Dilma. Existem confissões, delações, devolução de milhões e provas.
Se agisse de acordo com os princípios que apregoava em sua formação e de forma consentânea com os conceitos democráticos mais modernos, o PT faria uma revisão da parte suja de suas gestões e voltaria renovado para a história. Mas prefere negar o óbvio.
O outro principal candidato, o presidente Jair Bolsonaro tem problemas para permitir que o tema corrupção frequente seu palanque. O filho e senador Flávio Bolsonaro responde processo acusado de rachadinha de salários de servidores do gabinete do Rio de Janeiro e o filho mais novo já está sendo investigado por tráfico de influência e lavagem de dinheiro. E, vez por outra, também pesam suspeitas sobre o próprio Bolsonaro.
Além disso, o presidente talvez não tenha como explicar porque fez campanha em 2018 defendendo a Operação Lava Jato, atacando e prometendo aprofundar o combate à corrupção e fez exatamente ao contrário.
Lembre-se ainda que existem quase duas centenas de parlamentares e um punhado de governadores acusados de corrupção. Quem vai atrás de sarna para se coçar?
Pode ser que um outro candidato tente hastear a bandeira do combate à corrupção para constranger Lula e Bolsonaro e atrair os votos honestos, mas corre o risco de falar sozinho.
O que se tem de verdadeiro é que o Brasil deu para trás no combate à corrupção.